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Ali Klemt Ressaca de si

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(Foto: Reprodução)

Esta coluna reflete a opinião de quem a assina e não do Jornal O Sul. O Jornal O Sul adota os princípios editorias de pluralismo, apartidarismo, jornalismo crítico e independência.

Quem já bebeu muito uma noite sabe que a conta chega no outro dia: a ressaca. Aquela consequência nada agradável que nos fã questionar o sentido dos excessos de ontem

Pois eu vivi algo similar essa semana, mas não exatamente decorrente de bebida. Sofri uma espécie de “ressaca energética”, depois de um mês intenso e louco que foi março. Eu não sei você, mas a minha sensação foi de que o Brasil inteiro acordou após o Carnaval, tirando o atraso de ter estado em uma quase dormência desde o primeiro turno das eleições (e aí teve o segundo turno, Natal, verão, sem esquecer que até uma Copa do Mundo fora de hora rolou em 2022). E março virou esse mês louco de recomeço, assim como o mês para celebrar a mulher. E de-lhe celebrar! Eventos e confraternizações são ótimos, mas a mulher que sou teve que equilibrar corpo e alma pra permanecer firme até o dia 31 (sim, porque foi um mês com TRINTA E UM dias). Eu peguei 3 aviões. Fui de São Paulo a Erechim, visitei as Missões. Foi uma imersão no nosso interior – e não estou me referindo apenas ao interior do estado, mas também ao de mim mesma. Lancei um novo projeto. Dei notícias terríveis na tv. Palestrei muitas vezes. Trabalhei em mil e um empreendimentos. Foi, definitivamente, muito intenso.

E aí chegou abril, com três feriados pela frente e a promessa de um pouco mais de paz. Ou, pelo menos, a perspectiva de desacelerar. E eu aceitei essa “baixada de bola”. Porque precisamos nos dar esse espaço, esse tempo. Precisamos curtir o ócio e o que ele nos proporciona ao sair do piloto automático.

Há a hora de acelerar e executar. E há, também, o momento de pausar e refletir. Esse equilíbrio é essencial: precisamos da quietude para ter paz interior. E essa paz interior é o que nos dá a força para abalar geral sem perder a cabeça, quando o ritmo voltar a ser frenético.

Falando em quietude, no livro “A quietude é a chave”, de Ryan Holliday, o autor conta um dos segredos de Winston Churchill para ser tão múltiplo é tão bem sucedido. Eu poderia não te contar e sugerir a leitura do livro (o que o faço, fervorosamente), mas não vou me conter e dividirei essa aqui com você: ele guardava energia pro que realmente importava. Simples e genial.

Tempo e energia são dois de nossos bens mais preciosos. É o que não podemos dispensar sem propósito, seja esse propósito algo super nobre ou apenas um momento de prazer. Porém, se não tem sentido algum, apenas não faça algo que te leve a perder tempo ou gastar energia. Ponto.

Mas não é fácil, especialmente quando vivemos em um mundo de FOMO: Fear of Missing Out, ou seja, medo de estar perdendo alguma coisa. 

Mas gente, nós sempre estaremos perdendo alguma coisa! A questão é saber fazer boas escolhas. 

A ressaca, portanto, pode ser boa. Ela tem o seu propósito educativo, que é ensinar os seus limites. Todos nós os temos – e, convenhamos, gostamos de extrapola-los. 

Que esses feriados também te sirvam como um convite ao “dolce far niente”, à contemplação, ao prazer de relaxar sem culpa. Permitir-se o poder da escolha, ainda que seja a escolha do nada, e ficar sentado curtindo o por do sol. Porque isso é, também, viver. 

Esta coluna reflete a opinião de quem a assina e não do Jornal O Sul.
O Jornal O Sul adota os princípios editorias de pluralismo, apartidarismo, jornalismo crítico e independência.

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