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Economia Novas medidas do Governo Federal incluem redução nos juros do cartão de crédito e facilidade em empréstimos

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A ofensiva tem dois objetivos: reaquecer a economia e atrair um estrato da sociedade que historicamente registra rejeição alta ao PT

Foto: Divulgação
A ofensiva tem dois objetivos: reaquecer a economia e atrair um estrato da sociedade que historicamente registra rejeição alta ao PT. (Foto: Divulgação)

Depois de relançar programas sociais voltados aos mais pobres nos primeiros cem dias de governo, marca alcançada hoje, o presidente Luiz Inácio Lula Silva agora prepara uma série de medidas que miram na classe média. As iniciativas vão de regras para baixar as taxas de juros do cartão de crédito a condições especiais para empréstimos bancários.

A ofensiva tem dois objetivos: reaquecer a economia, aumentando o poder de compra, e atrair um estrato da sociedade que historicamente registra rejeição alta ao PT. Principal promessa eleitoral para quem ganha mais de dois salários mínimos, contudo, o aumento da faixa de isenção do Imposto de Renda não deve sair do papel tão cedo.

A decisão de Lula em focar suas próximas ações neste grupo é baseada na análise de ao menos sete pesquisas de opinião sobre o desempenho do governo divulgadas desde o início do ano. O Palácio do Planalto avalia que há a necessidade de priorizar medidas que representem algum nível de melhora de vida para a classe média, setor que não foi contemplado pelos programas relançados até aqui, como Bolsa Família, Minha Casa Minha Vida e Mais Médicos.

Os petistas reconhecem que esse público tem mais resistência ao presidente. Avaliam, no entanto, ver espaço para atrair a parcela que votou em Lula por ter rejeição maior ao ex-presidente Jair Bolsonaro.

Pesquisa

Pesquisa Datafolha divulgada no fim de março dá pistas sobre o quanto o petista precisará percorrer para alcançar a simpatia desse estrato: 36% dos que ganham de dois a cinco salários mínimos reprovam o presidente, índice que é de 47% na população com renda familiar mensal de cinco a dez salários — na média geral, a taxa dos que avaliam a gestão como ruim ou péssima é de 29%.

“A estratégia dos primeiros cem dias foi colocar de pé programas que já existiam e tinham um público-alvo preferencial. A partir de agora, queremos dialogar com um público mais amplo”, disse o ministro da Secretaria de Comunicação Social, Paulo Pimenta.

Facilitar crédito

Facilitar o acesso ao crédito é visto como essencial. Em café da manhã com jornalistas na quinta-feira, o presidente anunciou que cuidará do assunto quando voltar da viagem à China e aos Emirados Árabes, no dia 16. O petista quer que os bancos públicos ofereçam empréstimos a taxas de juros mais baixas — ele citou ainda a criação de linhas de crédito para pequenas e médias empresas.

No Ministério da Fazenda há também estudos para uma proposta que tenha como objetivo reduzir os juros do rotativo do cartão de crédito, com a intenção de dar um alívio para essa faixa da população que teve sua renda reduzida nos últimos anos. A taxa atual está em 417,35% ao ano, a maior desde 2017.

Os estudos estão sendo realizados pela Secretaria de Reformas Econômicas e, por ora, não há detalhes do que deve ser proposto. A Federação Brasileira de Bancos (Febraban) é contrária a medidas como estabelecer um teto para essa cobrança.

Minha Casa Minha Vida

Em linha com a nova fase do governo, o Minha Casa Minha Vida, que atualmente prioriza famílias mais pobres (com renda de até R$ 2.640 por mês), passará a incluir faixas mais altas, para quem ganha até R$ 8 mil. O plano é financiar imóveis maiores, com características específicas de acordo com a região do país e opções com varanda.

O presidente também mira a classe média ao estimular a criação de um programa para facilitar o acesso da população a energia solar, com linhas de créditos mais baixas. O custo para instalar os equipamentos em uma residência pode variar de R$ 15 mil a R$ 30 mil. No fim de março, o governo zerou até dezembro de 2026 os impostos cobrados sobre painéis solares.

Resistências históricas

Para o cientista político Carlos Melo, professor do Insper, a tarefa de Lula não será fácil, pois as resistências históricas da classe média ao petismo vão além da economia. A rejeição, segundo ele, é motivada em parte pelos escândalos de corrupção que atingiram o partido nos governos anteriores, mas também em razão da postura da legenda diante dessa parcela da população:

“A classe média tem valores e uma visão de mundo que o PT não conseguiu compreender. O PT gosta, em alguns momentos, de demonizar a classe média, confunde classe média com elite.”

Acenos

De lá para cá, Lula começou a corrigir a rota e, sentado na cadeira de presidente, fez acenos a essa fatia da população. Em declarações recentes, o petista não só reconheceu a necessidade de o governo se aproximar da classe média como deu recado aos ministros sobre a importância de propor políticas públicas que não sejam mera reprise do que já foi feito em gestões anteriores.

Apesar da intenção, uma das principais promessas do presidente voltada para o segmento durante a campanha eleitoral, a ampliação da faixa de isenção do Imposto de Renda para cinco salários mínimos, ainda está longe de ser cumprida. O governo já anunciou a elevação da faixa de R$ 1.903 para R$ 2.112, o que entrará em vigor no dia 1º de maio. Porém, no momento, ainda não há prazo para chegar ao patamar dos cinco salários.

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