Segunda-feira, 23 de dezembro de 2024
Por Redação O Sul | 15 de abril de 2023
Para o secretário Rogério Ceron, mesmo com índice maior que o previsto pela Fazenda, patamar estará próximo ao de outros países emergentes
Foto: Marcello Casal Jr./Agência BrasilO secretário do Tesouro Nacional, Rogério Ceron, admitiu que a dívida brasileira pode superar o patamar de 80% do PIB (Produto Interno Bruto) ao fim do governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em 2026.
Com isso, ficaria acima do patamar de 77,3% do PIB – estimado como o pior cenário para o endividamento brasileiro na proposta de arcabouço fiscal. Em 2022, o indicador estava em 73,5% do PIB.
Por que isso é importante? A relação entre dívida e PIB é um indicador relevante para o mercado financeiro, interpretado como um sinal da capacidade do país de honrar seus compromissos financeiros de curto, médio e longo prazo. Quanto maior a dívida em relação ao PIB, maior o risco de um calote em momentos de crise.
A expectativa de dívida acima de 80% do PIB no fim do mandato de Lula, segundo Ceron, considera projeções do mercado financeiro para o Produto Interno Bruto e para a inflação – que são piores do que as estimativas feitas pela equipe do Ministério da Fazenda.
Essa expectativa de endividamento maior também contempla a manutenção da atual curva de juros. A taxa básica (Selic) está em 13,75% – índice mais alto em seis anos. “Sem nenhum fechamento [queda] da curva [de juros atual], ela [a dívida] supera [80% do PIB em 2026] e estabiliza em 82%”, afirmou Ceron.
Mais tempo para estabilizar
Rogério Ceron, secretário do Tesouro Nacional, avaliou que, mesmo que as metas fiscais de resultado primário propostas não sejam cumpridas pelo governo (acionando o gatilho de uma alta menor para as despesas), a dívida vai se estabilizar no futuro, mas em um prazo maior de tempo.
“Significa que o processo de estabilização da trajetória da dívida vai ser mais lento [se não cumprir as metas fiscais]. Ele [mercado] pode vir a cobrar mais juros lá na frente, mas estabiliza a trajetória da dívida. Ela estabiliza em qualquer cenário, mesmo não cumprindo o primário”, afirmou.
Nas projeções atuais do governo – que consideram o atingimento das metas de resultado primário – a dívida deixaria de crescer até 2026. Entretanto, se as metas fiscais (de resultado primário) do arcabouço não forem cumpridas, Ceron disse que dívida pode crescer até 2029.
“No pior [cenário] que simulamos, [a dívida] passaria um pouco de 80% [do PIB] e estabilizaria”, declarou o secretário do Tesouro Nacional.
Comparação entre países
Em cerca de 80% do PIB, ou até um pouco abaixo disso, a dívida brasileira estaria mais próxima do patamar da União Europeia, um pouco acima das nações emergentes e bem maior do que o estimado pelo FMI (Fundo Monetário Internacional) para a América Latina.