Terça-feira, 29 de abril de 2025
Por Redação O Sul | 15 de abril de 2023
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou que não considera a possibilidade do presidente do Banco Central (BC), Roberto Campos Neto, ser destituído do cargo antes do fim do seu mandato, que acaba em dezembro de 2024. A saída de Campos Neto do Banco Central é defendida por parte da ala política do governo.
Haddad alegou, contudo, que o cenário econômico brasileiro é favorável para o começo da trajetória de queda na taxa básica de juros (Selic) – atualmente em 13,75%, desde agosto de 2022. Até o momento, o Banco Central não sinaliza para eventual redução no curto prazo.
Em entrevista a jornalistas na China, Haddad argumentou que o Brasil não registrou crescimento nos últimos 10 anos. No momento, a ‘escassez’ e aumento do custo crédito estariam dificultando um cenário de crescimento do país.
“Não [se conta com a saída antecipada de Campos Neto]. Eu conto com a baixa dos juros. Agora, quero crer, o Banco Central tem uma janela de oportunidade, que eu espero que seja aproveitada, para que o Brasil possa pensar em crescimento econômico sustentável. Tudo está convergindo para o que eu chamo de harmonizar o fiscal com o monetário”, disse o ministro.
Para Haddad, está havendo uma “estabilização de variáveis”, como a queda do nível da inflação e valorização do real. Para ele, a redução dos juros seria uma das medidas para o ajudar o Brasil “a sair da armadilha de 10 anos” sem crescimento econômico.
“Economistas de várias escolas estão se manifestando e dizem ‘olha, chegou o momento de iniciarmos uma trajetória de queda [dos juros] consistente com que o Brasil atingiu e necessária, por outro lado, porque o mercado de capitais está travado, aguardando as medidas da autoridade monetária”, disse o ministro, que cita os juros elevados como “inviabilizador de muitos investimentos” e dificultador “da vida” do empresariado brasileiro.
Investimentos
Na visita à Pequim, Haddad adiantou que um cardápio de possíveis investimentos em infraestrutura está sendo preparado pela Casa Civil, e um dos principais locais de captação será a China. O plano, de acordo com o ministro, é “conciliar crescimento econômico com infraestrutura”.
Além disso, uma das metas é atrair mais empresas chinesas para se instalar no Brasil, aproveitando a tendência de “descentralização” da produção industrial do país.
“As empresas da China já falam com cada vez mais liberdade da possibilidade de realizar investimentos em outros países e não centralizar aqui, por várias razões. Nós temos uma vantagem que pouquíssimos países do mundo têm, que é uma matriz muito limpa, que tende a ficar cada vez mais limpa, com energia solar, eólica”, afirmou.
Sobre o plano de Brasil e China ampliarem o volume de transações por meio de moedas locais, evitando o dólar e variações cambiais, Haddad negou que haja um componente geopolítico para o governo brasileiro, que possa levar à inclinação para um dos lados da disputa entre EUA e China.
“O Brasil não é um país alinhado no sentido tradicional do termo, é um país que sempre dialogou com todos os quadrantes sem privilegiar fortemente um lado e nunca fechou a porta para ninguém”, disse Haddad.