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Política Novo blocão da Câmara dos Deputados nega “celeuma” com governo, mas espreme a esquerda

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Blocão formado por nove partidos foi anunciado na quarta-feira (12) e será o maior da Câmara dos Deputados

Foto: Marcello Casal Jr/Agência Brasil
Proposta cria mecanismos para o combate às notícias falsas. (Foto: Marcello Casal Jr./Agência Brasil)

Líderes do novo blocão da Câmara dos Deputados negam que vão criar uma “celeuma” com o governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT). No entanto, na correlação de forças dentro da Casa, o superbloco deve espremer os partidos de esquerda, principalmente o PT.

Ainda, o grupo conta com o fator de risco do União Brasil à base aliada de Lula. A sigla tem vivido uma crise interna com a possibilidade de saída da ministra do Turismo, Daniela Carneiro.

O blocão foi anunciado na quarta-feira (12) e será o maior da Câmara. O grupo é formado por nove partidos que, juntos, somam 173 deputados federais: União Brasil, PP, federação PSDB-Cidadania, PDT, PSB, Avante, Solidariedade e Patriota.

Dessas siglas, PDT, PSB, Avante e Solidariedade fazem parte da base aliada de Lula na Câmara. Por outro lado, PSDB e PP – partido do presidente da Câmara, Arthur Lira (AL) – não são aliados do presidente.

O União Brasil, partido formado a partir da fusão do Democratas com o PSL (pelo qual Jair Bolsonaro foi eleito em 2018), figura como a maior incógnita de votação até o momento. Apesar de ter três ministérios, a legenda se diz independente e abriga vários parlamentares com histórico de anos de antipetismo.

Quando um bloco é formado, a ideia é que os partidos que o compõem caminhem e votem no mesmo sentido. Embora as siglas do novo bloco não tenham uma convergência ideológica, seus líderes dizem que o que os une é a “convergência democrática”.

Afirmam que trabalham pelas propostas econômicas da gestão petista, como a reforma tributária e o novo marco fiscal. Líderes partidários do bloco mais experientes e afinados com o governo devem se revezar no comando do grupo.

Também dizem que o foco do bloco não está em fazer oposição ao governo Lula, mas em conseguir mais espaços de presidências e relatorias de comissões mistas e especiais na Casa. Portanto, a formação do grupo estaria mais relacionada à correlação de forças internas do que à sustentação ou não a Lula.

Um dos principais objetivos do blocão é fazer com que seus partidos não percam espaço para o outro bloco da Câmara, formado por MDB, PSD, Republicanos, Podemos e PSC, que somam 142 deputados.

Ao mesmo tempo em que os blocões podem facilitar a aproximação de alguns partidos ao governo, como o Republicanos, a federação de PT, PCdoB e PV, com bancada de 81 deputados, acaba ficando espremida entre as duas potências gestadas.

O PT pode encontrar mais dificuldades em unir forças para atuar em defesa dos interesses do Planalto e fica mais pressionado por contar com siglas da base integrando ambos os grupos.

Já o centro na Câmara fica fortalecido com a aliança ao assegurar determinadas prerrogativas que poderiam ir para outras siglas, se os blocos não tivessem sido formados, e consegue mais poder de barganha ao se posicionarem juntos. Contudo, não se pode dizer que a esquerda deve ficar isolada.

União Brasil

O União Brasil enfrenta crises internas, especialmente com a cúpula estadual do Rio de Janeiro. A ministra do Turismo, Daniela Carneiro, é uma das que querem se desfiliar do partido. Se ela sair da sigla, o União deve reivindicar a vaga na pasta do governo.

O líder do União na Câmara, Elmar Nascimento (BA), disse que o partido segue independente perante a gestão petista. Segundo ele, o comando de pastas foi ofertado pelo governo.

“Ele [Lula] faz e desfaz no dia que quiser, quando quiser e se quiser”, disse Elmar sobre ministérios. No entanto, o presidente nacional do União, deputado federal Luciano Bivar (PE), já indicou que não aceitará que a sigla perca a indicação. Ele foi um dos principais fiadores da ida de Daniela ao comando da pasta.

A crise faz com que governistas tenham alguns cuidados a mais na hora de tratar com o União. Ressaltam, porém, que qualquer decisão cabe somente a Lula. Nesta última semana, os governistas tiveram que abrir mão da relatoria da Medida Provisória do Minha Casa Minha Vida, que estava com o deputado Guilherme Boulos (PSOL-SP), para acalmar os ânimos do União Brasil.

Boulos tinha um acordo com o governo para que assumisse a relatoria da matéria. O União reivindicava a função pelo quesito da proporcionalidade. Governistas tentaram negociar uma saída que não tirasse Boulos do posto, mas, após críticas públicas de Elmar e nova reunião de líderes com Arthur Lira, o psolista renunciou e cedeu o cargo ao nome de escolha da bancada do União, Fernando Marangoni (SP).

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