Segunda-feira, 23 de dezembro de 2024
Por Redação O Sul | 16 de abril de 2023
A possibilidade de Jair Bolsonaro (PL) ficar inelegível e não disputar a Presidência em 2026 já acende as discussões sobre quem poderá substituir o ex-presidente no campo da direita na próxima eleição. No grupo bolsonarista, quatro nomes despontam como favoritos a postulante a herdeiro: a ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro (PL); o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos); o ex-ministro da Defesa, Walter Braga Netto (PL); e o governador de Minas Gerais, Romeu Zema (Novo).
As chances de Bolsonaro ficar impedido de concorrer tornaram-se maiores na última semana, após a Procuradoria-Geral Eleitoral defender sua inelegibilidade devido a indícios de abuso de poder político em ataques feitos ao sistema eleitoral em reunião com embaixadores. Há ainda outras 15 ações contra ele no Tribunal Superior Eleitoral (TSE).
Caso a inelegibilidade se concretize, o eleitorado bolsonarista tende a migrar em bloco para o nome indicado pelo ex-presidente, avalia a cientista política Camila Rocha, pesquisadora do Centro Brasileiro de Análise e Planejamento.
“Para se tornar viável, essa pessoa precisará manter um certo equilíbrio entre as pautas que o bolsonarismo defende e uma comunicação e postura menos belicosas”, analisa Camila, para quem essa estratégia seria necessária para atrair os apoiadores não convictos do ex-presidente.
Segundo pesquisa Datafolha divulgada recentemente, 22% dos brasileiros se declaram bolsonaristas.
Tarcísio de Freitas
O nome do governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, foi citado como opção a Bolsonaro pelo ex-ministro e senador Ciro Nogueira (PP-PI). Sempre que questionado sobre a possibilidade de ser candidato, Tarcísio desconversa. Segundo interlocutores, a antecipação do assunto poderia ser lida como oportunismo e traição a Bolsonaro.
A socióloga Esther Solano, que fez pesquisas qualitativas com o nome do governador paulista, diz que ele tem boa performance entre eleitores ideologicamente indefinidos e bolsonaristas moderados que estão cansados do radicalismo do ex-presidente.
O problema é que o governador paulista tem encontrado desconfiança de bolsonaristas pelos seus posicionamentos mais ao centro e o pouco espaço dado à ala ideológica na máquina estadual. Tarcísio abriu um canal de diálogo com o presidente Lula e fez de Gilberto Kassab (PSD), figura rejeitada por apoiadores de Bolsonaro, um dos quadros mais influentes de sua gestão.
Michelle Bolsonaro
Um nome que hoje é mais palatável para a base é o da ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro. Além de ser da família, ela desempenhou papel central na campanha do ex-presidente em 2022, principalmente para fidelizar o eleitorado evangélico e tentar reduzir a resistência do público feminino a Bolsonaro.
No mês passado, ela assumiu a presidência do PL Mulher com a missão de manter o bolsonarismo engajado e atrair mais mulheres para esse campo político. O presidente do partido, Valdemar Costa Neto, já declarou que a ex-primeira-dama “pode ser candidata até a presidente”. Mas a ideia é rechaçada pelo próprio Bolsonaro, que vê a mulher sem “vivência política” para disputar uma eleição.
Braga Netto
Outro nome próximo a Bolsonaro que surge como seu possível sucessor é o de Walter Braga Netto, ex-ministro da Defesa e da Casa Civil e que foi candidato a vice na chapa do ex-presidente.
General da reserva do Exército, o ex-ministro conta com a simpatia da parcela do eleitorado que nutre admiração pelas Forças Armadas e tem no currículo o comando da intervenção federal na segurança pública ordenada pelo então presidente Michel Temer (MDB) no Rio de Janeiro em 2018.
A experiência, no entanto, pode render críticas de adversários políticos por causa do assassinato da vereadora Marielle Franco (PSOL), ocorrido durante esse período, e declarações exaltando a ditadura militar, o que afasta eleitores de fora do bolsonarismo.
Apoio tucano
O governador mineiro, Romeu Zema, corre por fora dessa disputa. De um partido que não faz parte do núcleo bolsonarista, ele aposta mais no antipetismo do que nas pautas ideológicas, e tem feito uma gestão se equilibrando entre moderação e acenos à direita.
“Ele também não é um sujeito que tem capacidade mobilizadora em torno de outros valores, como Braga Netto tem com a ideia do militarismo, e Michelle com as temáticas da fé, moral e família. Por último, não tem carisma, que é o capital pessoal”, avalia Esther Solano.
Zema ou Tarcísio, caso um deles assuma a missão de encabeçar a oposição à esquerda em 2026, tem a promessa de apoio do governador do Rio Grande do Sul e presidente nacional do PSDB, Eduardo Leite. O tucano já afirmou que pretende “estar junto” dos governadores de Minas e São Paulo para construir uma alternativa a Lula e Bolsonaro na próxima disputa presidencial.