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Saúde Técnica para congelar células de gordura tem risco subestimado

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Ícone das passarelas nos anos 1990, Linda Evangelista sofreu um efeito colateral da criolipólise. (Foto: Reprodução)

Mais de dez anos atrás, um dispositivo médico chegou ao mercado com uma promessa tentadora: poderia congelar as bolsas de gordura teimosas rapidamente, sem dor e sem cirurgia. O aparelho, chamado CoolSculpting, chegava a uma indústria de beleza já superpovoada, que vendia abdomens sarados e linhas de mandíbula mais marcadas.

O lançamento teve êxito. As máquinas CoolSculpting hoje são comuns em consultórios de dermatologia e cirurgia plástica, e spas médicos, e a tecnologia gerou mais de US$ 2 bilhões em receita.

Criolipólise, o termo técnico para designar o procedimento, utiliza o dispositivo em uma parte específica do corpo para congelar as células de gordura. Os pacientes geralmente passam por vários tratamentos na mesma área. Em casos de sucesso, as células morrem e o corpo as absorve.

Mas, para algumas pessoas, o procedimento resulta em desfiguração grave. A gordura pode crescer, endurecer e se alojar no corpo, às vezes até assumindo o formato do aplicador do aparelho. Esse efeito colateral, chamado de hiperplasia adiposa paradoxal (HAP), geralmente requer cirurgia para ser corrigido.

“Minhas células de gordura aumentaram ao invés de diminuir. Isso me deixou permanentemente deformada”, escreveu a supermodelo Linda Evangelista, em 2021, sobre sua experiência com o CoolSculpting.

Uma das supermodelos mais conhecidas das décadas de 1980 e 1990, ela disse que passou por um longo período de reclusão após desenvolver HAP. Ela processou Zeltiq e anunciou no ano passado que havia feito um acordo com a empresa.

No ano em que a modelo tornou público seu problema, a FDA recebeu mais de 1.100 relatos de eventos adversos dos tratamentos CoolSculpting, mais do que em toda a década anterior.

A Allergan Aesthetics, unidade da gigante farmacêutica AbbVie que agora é proprietária do CoolSculpting, diz que isso é raro, ocorrendo em 0,033% dos tratamentos, ou cerca de um em 3 mil.

Análise de risco

Mas uma investigação do New York Times — com base em documentos internos, ações judiciais, estudos médicos e entrevistas — indica que o risco para os pacientes pode ser bem maior.

A empresa por trás do CoolSculpting contratou consultores que escreveram sobre baixos riscos de HAP em revistas médicas e canais online. Também restringiu os pacientes de falar sobre o problema por meio de acordos de confidencialidade. Depois, parou de relatar o efeito colateral aos reguladores federais depois que um auditor da Food and Drug Administration (FDA, agência equivalente à Anvisa nos EUA) determinou que o efeito não configurava risco de vida ou lesão grave.

“A HAP provavelmente está sendo subnotificada e mal diagnosticada”, descobriu um estudo de 2020 a respeito do problema.

Em 2017, Jared Jagdeo, dermatologista que na época era consultor do fabricante do CoolSculpting, escreveu em um artigo de jornal com dois coautores que o efeito colateral deveria ser reclassificado. Suas crescentes incidências, escreveram eles, atenderam aos critérios da Organização Mundial da Saúde (OMS) para um evento adverso “comum” ou “frequente”, em vez de um “raro”.

Desde a estreia do CoolSculpting, a frequência relatada de HAP tem subido de forma silenciosa e constante, mesmo nas estimativas da empresa. A FDA conta com hospitais, médicos, consumidores e fabricantes de dispositivos para relatar quaisquer “eventos adversos”, um sistema que tem sido frequentemente criticado por transformar efetivamente os pacientes em cobaias de teste de longo prazo. Hospitais e fabricantes são obrigados a relatar mortes e ferimentos graves, mas consultórios particulares e consumidores não são forçados a relatar nada.

No Brasil, são realizados por ano mais de 33 mil procedimentos não cirúrgicos de redução de gordura. A criolipólise é uma das técnicas mais executadas, e estudos mostram que, de 8 mil sessões, a hiperplasia adiposa paradoxal tem uma incidência entre 0,05% e 0,39%, na maior parte dos casos (55%) em homens, e quase 78% das pessoas afetadas tinham ascendência europeia.

Parte do apelo da técnica envolve o fato de ser uma abordagem não cirúrgica. O custo do CoolSculpting varia dependendo do provedor e do número de sessões, mas, em média, um consumidor gasta US$ 3.200, segundo o fabricante.

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https://www.osul.com.br/tecnica-para-congelar-celulas-de-gordura-tem-risco-subestimado/ Técnica para congelar células de gordura tem risco subestimado 2023-04-22
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