Segunda-feira, 28 de abril de 2025
Por Redação O Sul | 23 de abril de 2023
Imagens do circuito interno do Palácio do Planalto do dia 8 de janeiro reforçam a ação violenta cometida por extremistas. Além da depredação do patrimônio, as gravações mostram agentes do Gabinete de Segurança Institucional (GSI) cumprimentando invasores e até tentativa de arrombamento de caixa eletrônico.
São mais de 160 horas de vídeos. O material foi capturado por 33 câmeras espalhadas nos quatro andares do Planalto e liberado pelo GSI. As câmeras registraram como os invasores ocuparam o epicentro do poder no Planalto. Zanzando sem serem importunados no terceiro andar do palácio, onde fica o gabinete do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, eles puderam destruir obras de arte e quebrar vidros. Um dos vídeos compromete a situação do major José Eduardo Natale, que fazia parte do GSI.
O oficial aparece conversando calmamente e até cumprimentando extremistas com apertos de mão no corredor do terceiro andar. A conversa entre o miliar e os extremistas durou cerca de três minutos sem que ele esboçasse qualquer movimento de quem está repreendendo os invasores. Natale já havia aparecido em vídeos divulgados pela CNN dando água a golpistas. Nas imagens, ele está ao lado do relógio relíquia que foi destruído no ataque. Natale está entre os investigados e é o único militar já afastado do GSI.
Arrombamento
A mesma câmera captou o momento em que um dos extremistas tentou arrombar um caixa eletrônico. Ele chega a pedir ajuda a um outro invasor depois de forçar, sem sucesso, o equipamento. Ele deixou o local sem conseguir abrir o caixa.
Cerca de 15 minutos depois de o major conversar com os extremistas, o andar foi ocupado pela Tropa de Choque da Polícia Militar, que chegou disparando balas de borracha contra os invasores. O oficial do GSI não aparece no momento da ação policial de repressão.
Segundo o GSI, já foram identificados dez militares nas gravações. Todos estão sob investigação, incluindo Natale. O prazo de encerramento da apuração interna era de 30 dias, mas houve determinação do GSI para reduzir esse tempo. Além das gravações, o órgão também repassou à Corte a sindicância interna que, no momento, tem 500 páginas.
Demissão
O general da reserva Marco Gonçalves Dias foi exonerado na quarta-feira (19), após a CNN divulgar imagens até então inéditas, mostrando que ele indicou a golpistas a saída do terceiro andar. Em depoimento, G. Dias, como é conhecido, disse que não tinha condição de efetuar prisões sozinho e encaminhou os invasores para serem detidos no segundo piso.
O militar prestou depoimento à Polícia Federal, onde afirmou não ter qualquer responsabilidade sobre os atos. A PF também vai ouvir agentes do GSI que estavam no Planalto no dia 8 de janeiro.