Domingo, 24 de novembro de 2024
Por Cláudio Humberto | 3 de maio de 2023
Esta coluna reflete a opinião de quem a assina e não do Jornal O Sul. O Jornal O Sul adota os princípios editorias de pluralismo, apartidarismo, jornalismo crítico e independência.
O presidente da Câmara, Arthur Lira, já dava sinais de impaciência no final da tarde desta terça (2) quando afirmou a esta coluna que se o projeto das fake news, que a oposição chama de Projeto da Censura, não conseguir os votos necessários para aprovação até esta quarta (3), ele não irá mais incluir a proposta na pauta enquanto ele for presidente. Lira estava desapontado com partidos condicionaram apoio à exclusão de pontos polêmicos, mas, mesmo atendidos, não garantiram seus votos.
Cenoura na vara
Lira contou que opositores como PL e bancada evangélica impuseram condições que foram atendidas, mas não honram a promessa de apoio.
Jogada esperta
O experiente presidente da Câmara concluiu que a jogada desses políticos seria cantar vitória seja qual for o resultado da votação.
Ganha-ganha
No caso de rejeição, a oposição cantaria vitória, assim como no caso de aprovação, por haver conseguido “desidratar” o texto original.
Censura calou fundo
Lira admitiu que “colou” a interpretação de que o objetivo do projeto é impor censura nas redes sociais, o que fez deputados retirarem apoio.
CEO renuncia, mas mantém elo com Americanas
O ex-diretor executivo das Americanas José Timotheo de Barros, cuja renúncia foi divulgada com estardalhaço nesta segunda-feira (1), ainda mantém laços muito próximos à empresa cambaleante, vítima de fraude que supera os R$40 bilhões. Afastado desde o escândalo que levou ao desespero milhares de funcionários, investidores e fornecedores, ele ainda ocupa cargo de direção da ONG Juntos Somos Mais Solidários, mantida com recursos da varejista que quase foi para o saco.
Grana a rodo
Só entre 2020 e 2021, o Juntos Somos Mais Solidários recebeu quase R$590 mil em produtos para ações de Páscoa e inverno.
Cabide
Anna Chiristina Ramos Saicali e Marcio Cruz Meirelles, afastados das Americanas, também são diretores no instituto.
Leão confirma
Barros, Saicali e Meirelles são identificados como diretores para a Receita Federal. A empresa, procurada, não se manifestou.
Contagem
Placar da oposição sobre o Projeto da Censura registrava, até 18h, rejeição da proposta por 247 x 217. Outros 49 ainda estavam “indefinidos”. Arthur Lira retirou o projeto da pauta para evitar rejeição.
Cipó de arueira
O senador Eduardo Gomes (MDB-TO) observa que após se beneficiar da censura, com direito a inquérito no STF contra bolsonaristas, a esquerda agora teme o Projeto da Censura. Fez lembrar Geraldo Vandré, ícone da esquerda: “É a volta do cipó de arueira/No lombo de quem mandou dar”.
Boquinha em Roraima
Primeira-dama de Roraima, Simone Denarium disputa cadeira para conselheira do Tribunal de Contas do Estado. A boquinha pode garantir para a mulher do governador Antonio Denarium até R$ 62,5 mil por mês.
Câmara vai se curvar?
“Não vamos tolerar mais abusos e censura”, disse Marcel van Hattem (Novo-RS), sobre o Projeto da Censura que irá definir “se a Câmara vai se curvar à ditadura em curso do Poder Executivo e do Poder Judiciário”.
Polícia das redes
A Secretaria Nacional do Consumidor, que ameaçou o Google com multa de R$ 1 milhão por hora se não promovesse o Projeto da Censura, é conduzida pelo ex-deputado do PT e ex-OAB Waldih Damous.
Pode cobrar
O deputado Rodolfo Nogueira (PL-MS) garantiu que a bancada do seu partido “votará integralmente contra” o Projeto da Censura na Câmara. Quem votar a favor do projeto, diz o deputado, “será triturado nas urnas”.
Não sabe o que quer
Mesmo com as mudanças feitas por Orlando Silva (PCdoB-SP) no Projeto da Censura, deputados veem as alterações do relator com muita reserva: “Nem ele sabe o que quer”, disse Evair de Melo (PP-ES).
Coluna, 25 anos
A Coluna Cláudio Humberto completa 25 anos nesta quarta (3). Desde 1998 foram 9.131 edições ininterruptas durante seis governos e sete Legislaturas federais. Aos leitores, nossos agradecimentos.
Pensando bem…
…com ou sem projeto, censura é sonho de quem exerce o poder.
PODER SEM PUDOR
Jóquei valente
Gaúcho com a faca na bota, o general e ex-governador Flores da Cunha achou, certa vez, numa corrida de cavalos, que o jóquei fora desonesto. “Você roubou a corrida, seu safado!” O jóquei reagiu assim, para a perplexidade geral: “Ladrão é sua mãe!” Mas as testemunhas ficaram ainda mais perplexos com a reação de Flores da Cunha: “Muito bem, você reagiu como homem! Se outra tivesse sido sua resposta, confirmaria que era um canalha.” Cumprimentou o jóquei e foi embora.
Com Rodrigo Vilela e Tiago Vasconcelos
Esta coluna reflete a opinião de quem a assina e não do Jornal O Sul.
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