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Política Bolsonaro se negou a falar sobre carteira de vacinação e impôs sigilo de 100 anos

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(Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil)

Alvo de uma investigação da Polícia Federal (PF) deflagrada nessa quarta-feira (3) com objetivo de apurar suposta falsificação de seu certificado de vacinação, o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) resistiu a dar declarações, ao longo de seu governo, sobre a sua imunização contra a covid. Ao ser questionado por meio de Lei de Acesso à Informação, a gestão chegou a impor sigilo de até 100 anos sob a justificativa de que a vacinação do então presidente seria um dado privado.

Uma das declarações de maior repercussão sobre o tema ocorreu em 2021 quando o ex-presidente afirmou, em entrevista à Jovem Pan, que não iria se vacinar “nem após o último brasileiro”.

“Eu decidi não tomar mais a vacina. Eu estou vendo novos estudos, a minha imunização está lá em cima, para que vou tomar a vacina? Seria a mesma coisa que você jogar R$ 10 na loteria para ganhar R$ 2. Não tem cabimento isso”, afirmou.

Em agenda em outubro de 2021, durante a inauguração de um trecho da transposição do Rio São Francisco, na Paraíba, Bolsonaro encorajou cidadãos a fazerem o mesmo:

“Não tomei a vacina e quem quiser seguir o meu exemplo, que siga.” Bolsonaro foi o único líder que afirmou publicamente ter se recusado a se vacinar.

No final do antigo governo, no entanto, uma ação foi aberta para apurar a possibilidade de informações falsas no cartão de vacinação do ex-presidente. Em março deste ano, a Controladoria-Geral da União (CGU) confirmou que há registro de imunização de Bolsonaro e apura se as informações são verdadeiras. O documento terá o sigilo retirado após a conclusão da investigação.

A denúncia da CGU foi negada pelo ex-presidente. O ex-ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, afirmou à CNN que o ex-presidente Jair Bolsonaro não tomou a vacina contra a covid-19 e disse que o registro encontrado pela CGU teria sido incluído por um hacker.

Além de se recusar a informar se teria ou não se vacinado, Bolsonaro reproduziu desinformações sobre o imunizante e desestimulou o uso de máscaras de proteção. Em uma live, fez uma associação falaciosa entre o uso da vacina contra o coronavírus ao HIV, vírus da aids. Por este motivo, teve um inquérito aberto a pedido da CPI da Covid. O relatório final foi encaminhado ao Supremo Tribunal Federal (STF), mas deve ser enviado para análise da primeira instância da Justiça, já que Bolsonaro perdeu o foro privilegiado.

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