Sexta-feira, 10 de janeiro de 2025
Por Redação O Sul | 3 de maio de 2023
A perícia que será feita pela Polícia Federal (PF) no telefone celular de Jair Bolsonaro (PL) já leva apreensão a aliados do ex-presidente. O aparelho foi apreendido nesta manhã durante a operação que investiga a inserção de dados falsos de vacinação contra a covid nos sistemas do Ministério da Saúde.
A ação, autorizada pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), apura se foram forjadas informações do certificado de vacinação de Bolsonaro, de sua filha, Laura Bolsonaro, de 12 anos, e de sua mulher, Michelle Bolsonaro.
O aparelho será encaminhado ao Instituto Nacional de Criminalística (INC). No local, profissionais irão extrair dados, como mensagens enviadas por aplicativos e arquivos de fotos e vídeos que eventualmente tenham sido apagados por Bolsonaro. A recuperação dessas conversas gera preocupação em seu entorno.
O ex-presidente já era investigado no inquérito que apura supostos incitadores e autores intelectuais dos ataques extremistas do dia 8 de janeiro. Na ocasião, dois dias após a invasão e depredação dos prédios da Praça dos Três Poderes, ele compartilhou um vídeo sem provas ao STF e ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE). No depoimento prestado na última semana, Bolsonaro afirmou que a publicação foi feita por engano.
De acordo com a PF, a Operação Venire tem o objetivo de esclarecer a atuação de associação criminosa constituída para a prática dos crimes de inserção de dados falsos de vacinação contra a covid nos sistemas SI-PNI e RNDS do Ministério da Saúde.
Estão sendo cumpridos 16 mandados de busca e apreensão e seis mandados de prisão preventiva, em Brasília e no Rio de Janeiro, além de análise do material apreendido durante as buscas e realização de oitivas de pessoas que detenham informações a respeito dos fatos.
Entre os alvos de apreensão está o ex-presidente. Já entre os presos preventivamente estão alguns de seus ex-funcionários, como o ex-ajudante de ordens Mauro Cid Barbosa.
As inserções falsas, que ocorreram entre novembro de 2021 e dezembro de 2022, tiveram como consequência a alteração da verdade sobre fato juridicamente relevante, qual seja, a condição de imunizado contra a covid dos beneficiários.
Com isso, tais pessoas puderam emitir os respectivos certificados de vacinação e utilizá-los para burlarem as restrições sanitárias vigentes imposta pelos poderes públicos (Brasil e Estados Unidos) destinadas a impedir a propagação de doença contagiosa, no caso, a pandemia de covid.
“A apuração indica que o objetivo do grupo seria manter coeso o elemento identitário em relação a suas pautas ideológicas, no caso, sustentar o discurso voltado aos ataques à vacinação contra a covid-19”, informou a PF. As ações ocorrem dentro do inquérito policial que apura a atuação do que se convencionou chamar “milícias digitais”, em tramitação perante o STF.
Os fatos investigados configuram em tese os crimes de infração de medida sanitária preventiva, associação criminosa, inserção de dados falsos em sistemas de informação e corrupção de menores.