Sexta-feira, 31 de janeiro de 2025
Por Redação O Sul | 16 de maio de 2023
Em depoimento à Polícia Federal, o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) disse que nunca determinou e nem soube da inserção de dados falsos no ConecteSUS. Disse ainda que nem teria razão de fazer isso.
Bolsonaro foi ouvido nesta terça-feira (16) no inquérito que investiga um suposto esquema de adulteração de cartões de vacinação que teria beneficiado o próprio ex-presidente, a filha dele, além do ex-ajudante de ordens, Mauro Cid, e familiares.
Como há muitos personagens na operação, a Polícia Federal questionou o ex-presidente sobre cada um deles para saber a relação que tinham com Bolsonaro. Ele foi perguntado se tinha conhecimento do esquema e se partiu dele a ordem de acesso ao sistema do Ministério da Saúde, onde os dados sobre a vacinação contra a covid foram inseridos – e depois retirados.
Além disso, procuraram saber se havia alguma determinação que ligaria Bolsonaro aos fatos cometidos por essas pessoas, que foram presas. Ele reafirmou que não determinou e que não soube da inserção de dados falsos no ConecteSUS. Disse também que ele não tinha motivos para fazer isso.
Bolsonaro foi questionado sobre a questão da falsificação da carteira de vacinação da filha. Na resposta, voltou a dizer ela tinha 12 anos quando viajou aos EUA e, na ocasião, entrou se declarando como não vacinada. Disse ainda que ela tinha laudo médico que lhe permitia não tomar a vacina.
O caso
No dia 3 de maio, a PF fez buscas na casa do ex-presidente, em Brasília, na tentativa de encontrar provas de envolvimento dele no esquema. O celular dele foi apreendido.
Naquele dia, após as buscas, Bolsonaro falou à imprensa e reafirmou que não se vacinou contra a Covid e disse que não houve adulteração nos dados do cartão dele e da filha, Laura.
Entretanto, o ex-presidente se negou a depor à Polícia Federal no dia da operação sob a justificativa de que sua defesa precisava, antes, ter acesso à investigação. Por isso, foi ouvido apenas nesta terça.
Seis presos
Durante a operação do último dia 3, a Polícia Federal prendeu seis pessoas, entre elas o coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro durante seu mandato como presidente da República.
Segundo as investigações, Cid fazia parte do grupo ligado a Bolsonaro que inseriu informações falsas no ConecteSUS para obter vantagens ilícitas e emitir certificados de vacinação contra a covid.
Além de Bolsonaro e da filha, foram emitidos certificados de vacinação com dados falsos em nome de Cid, sua esposa e três filhas do casal.
De acordo com a PF, os dados de vacinação do ex-presidente foram incluídos no sistema do Ministério da Saúde em Duque de Caxias, mesma cidade onde Cid teria conseguido o cartão de vacinação da esposa.
Uma enfermeira da prefeitura de Duque de Caxias, no Rio de Janeiro, confirmou à Polícia Federal (PF) que emprestou a senha para o secretário municipal de Governo de Duque de Caxias (RJ), João Carlos de Sousa Brecha, apagar os registros de vacinação do ex-presidente Jair Bolsonaro.
Brecha também foi preso durante a operação de 3 de maio.