Quinta-feira, 16 de janeiro de 2025
Por Redação O Sul | 31 de maio de 2023
A declaração do petista foi dada em resposta a críticas de outros presidentes em relação à Venezuela
Foto: Marcelo Camargo/Agência BrasilO presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou, na noite de terça-feira (30), que a reunião de 11 chefes de Estado sul-americanos em Brasília, ocorrida no Palácio do Itamaraty, não foi um encontro de amigos, mas de líderes de países em busca de uma coordenação regional.
A declaração do petista foi dada em resposta a falas de outros presidentes, como o do Chile, Gabriel Boric, e o do Uruguai, Luis Lacalle Pou, que criticaram a presença de Nicolás Maduro no evento por violações de direitos humanos e enfraquecimento da democracia na Venezuela.
“O fato de ter dois presidentes que não concordaram, não sei em que jornal eles leram. Eu disse que aqui não foi convocada uma reunião de amigos do Lula. Foi convocada uma reunião de presidentes para construir um órgão dos países”, afirmou o presidente brasileiro.
Em uma reunião bilateral entre Lula e Maduro, na segunda-feira (29), o petista defendeu que o país vizinho deveria divulgar sua “narrativa” sobre a situação política e econômica para se contrapor às narrativas negativas feitas por opositores no cenário internacional.
“Fiquei surpreso quando se falou que o que acontece na Venezuela é uma narrativa. Já sabem o que nós pensamos em relação à Venezuela e ao governo venezuelano”, disse o presidente do Uruguai durante discurso na cúpula.
Na mesma linha, o líder chileno afirmou: “Expresso, respeitosamente, que tenho uma discrepância com o que disse o senhor presidente Lula, no sentido de que a situação dos direitos humanos na Venezuela foi uma construção narrativa, não é uma construção narrativa, é uma realidade, é grave e tive a oportunidade de ver, vi o horror dos venezuelanos. Essa questão exige uma posição firme”.
Questionado sobre as divergências durante uma entrevista coletiva após a cúpula, Lula ressaltou a pluralidade do encontro. “O fato de o cidadão ter o direito de falar mal e de discordar, é tudo que me interessa”, respondeu.
“O Maduro faz parte desse continente nosso. Houve muito respeito com a participação do Maduro. Ninguém é obrigado a concordar com ninguém. É assim que a gente vai fazendo”, acrescentou o presidente.
“Sempre defendi a ideia de que cada país é soberano para decidir modelo político, coisas internas. A mesma exigência que o mundo faz para a Venezuela, não faz para a Arábia Saudita. É muito estranho. Eu quero que a Venezuela seja respeitada. Quero isso para o Brasil e o mundo inteiro”, prosseguiu Lula.
No final do encontro de terça, os 11 presidentes presentes, mais o representante do governo do Peru, divulgaram uma carta em que reafirmam valores comuns e concordam em aprofundar discussões sobre a criação ou restabelecimento de algum mecanismo de cooperação que envolva todos os países da região.