Quinta-feira, 16 de janeiro de 2025
Por Redação O Sul | 31 de maio de 2023
No último domingo (28), o presidente da Venezuela Nicolás Maduro chegou ao Brasil após receber o convite do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) para participar da cúpula dos países sul-americanos, a Unasul, na terça-feira (30), em Brasília. O governante venezuelano foi para capital federal brasileira para ter uma reunião bilateral com o petista na segunda (29).
Maduro não pisava no Brasil desde 2015, quando o Palácio do Planalto ainda era ocupado pela ex-presidente Dilma Rousseff (PT). No ano seguinte, Michel Temer (MDB-SP) passou a tratar o presidente venezuelano como inimigo e, a partir de 2019, Jair Bolsonaro (PL-RJ) cortou relações com a Venezuela.
Com o retorno do PT ao poder, o governo venezuelano voltou a se relacionar com o Brasil. Na segunda, Maduro e Lula se encontraram e o presidente brasileiro chegou a dizer que era “um momento histórico”.
O encontro, porém, não agradou a todos. A oposição acusou o petista de apoiar um “ditador” e protocolou uma série de requerimentos exigindo do governo respostas sobre o encontro. Parlamentares que são contra a gestão Lula também apresentaram notas de repúdio contra a vinda de Maduro a Brasília.
O cientista político especializado em relações internacionais e professor do Insper, Leandro Consentino, diz que o tratamento com “tapete vermelho” dado por Lula a Maduro pode prejudicar o presidente brasileiro em vários aspectos políticos.
“Na política interna, Lula fortalece a oposição e passa recibo de que defende mais a questão ideológica do que a democracia, algo que sempre foi acusado pelos seus opositores”, analisa.
– Quem é Nicolás Maduro? Maduro nasceu em 23 de novembro de 1962 em Caracas, capital venezuelana. Ele iniciou sua carreira política na década de 1990, integrando o Partido Socialista Unido da Venezuela. Tornou-se uma liderança influente no país ao ser Ministro das Relações Exteriores.
Passou a ser visto como uma figura de total confiança de Hugo Chávez, ex-presidente do país, tanto que se tornou vice-presidente em 2012. No mesmo ano, assumiu interinamente a presidência, porque Chávez enfrentava um câncer e precisou se afastar do governo.
Em 2013, Hugo Chávez morreu e Maduro foi nomeado oficialmente presidente da Venezuela.
Foi em suas mãos que a economia venezuelana passou por enorme declínio, encolhendo 75% nos últimos 10 anos. Cerca de sete milhões de venezuelanos deixaram o país na última década por conta das dificuldades financeiras.
Na ocasião, Maduro chegou a dizer que a saída de venezuelanos do país era uma “campanha da direita” e garantiu que todos iriam voltar com as medidas adotadas pelo governo.
Em 2018, o presidente da Venezuela foi reeleito para mais seis anos de governo. Porém, o processo eleitoral recebeu acusações de fraudes e teve alta taxa de abstenção. A oposição não reconheceu o resultado e ganhou o apoio de dezenas de países, como Estados Unidos, Canadá, membros da União Europeia e o Brasil.
Sem reconhecer a vitória de Maduro, vários países passaram a tratar o opositor Juan Guaidó como presidente legítimo da Venezuela. O prestígio de Guaidó, no entanto, se perdeu ao longo do tempo, principalmente depois que Joe Biden venceu a eleição norte-americana em 2020.
A Casa Branca então aplicou fortes sanções contra a Venezuela, piorando ainda mais a vida da população. Apagões, taxa de desemprego alcançando quase 65%, escassez de alimentos, violência urbana, violação de direitos humanos, perseguição e censura são alguns dos problemas que ocorrem por lá.
– Maduro é narcotraficante? Em 2020, o governo dos Estados Unidos acusou formalmente Maduro de ser narcotraficante. A declaração foi feita pelo então chefe do Departamento de Justiça, William Barr, que prometeu uma recompensa de US$ 15 milhões para quem capturasse o presidente venezuelano.
“O povo venezuelano merece um Governo representativo responsável e transparente a serviço das necessidades das pessoas, que não traia a confiança do povo ao perdoar ou empregar funcionários públicos envolvidos no tráfico ilegal de narcóticos”, afirmou em nota o então secretário de Estado, Mike Pompeo.
Além de Maduro, outras 14 pessoas ligadas ao governo venezuelano são acusadas pelos Estados Unidos por suposta ligação com o cartel Los Soles, incluindo o ministro da Defesa e o presidente da Suprema Corte Venezuelana.
Maduro, por sua vez, acusa os EUA e a Colômbia de conspirar contra o seu país.
“Ratifico minha denúncia! EUA e Colômbia conspiram e deram a ordem de levar a violência à Venezuela. Como chefe de Estado, sou obrigado a defender a paz e a estabilidade de toda a pátria, em qualquer circunstância. Não puderam nem poderão!”, respondeu Maduro. As informações são do jornal O Dia.