Quarta-feira, 25 de dezembro de 2024
Por Redação O Sul | 18 de junho de 2023
Você achava que só a guerra na Ucrânia e as interrupções nas cadeias de suprimentos eram as culpadas pelo aumento dos preços? Isso é porque você não ouviu falar do efeito Beyoncé. O início da turnê mundial da cantora na Suécia, no mês passado, gerou tamanha demanda por hotéis e refeições em restaurantes que apareceu nas estatísticas econômicas do país.
A Suécia registrou uma inflação de 9,7% em maio, um índice acima do esperado. O aumento dos preços de hotéis e restaurantes estava por trás da surpresa.
Michael Grahn, economista do Danske Bank, disse acreditar que Beyoncé ajudou a impulsionar o salto nos preços das tarifas de hotéis. Ela também pode ter sido a força por trás do aumento inesperado nos preços das atividades de lazer, recreação e cultura, segundo ele.
“Eu não culparia Beyoncé pela inflação alta, mas a apresentação dela e a demanda global para vê-la se apresentar na Suécia aparentemente contribuíram um pouco para isso”, escreveu ele em um e-mail à BBC.
Não resta dúvida de que a primeira turnê solo da cantora em sete anos marca um grande momento econômico. Pelo menos uma estimativa sugere que a turnê pode arrecadar quase 2 bilhões de libras (aproximadamente R$ 12 bilhões) até terminar, em setembro.
As buscas por acomodações nas cidades da turnê dispararam depois que ela foi anunciada, informou o Airbnb. Os ingressos para muitos shows esgotaram em poucos dias, e os preços dispararam no mercado de revenda.
No Reino Unido, 60 mil pessoas foram a Cardiff, no País de Gales, incluindo fãs do Líbano, dos Estados Unidos e da Austrália.
A demanda por quartos de hotel em decorrência do show em Londres foi tão alta que, em um dos casos, algumas famílias sem-teto hospedadas em um hotel pela prefeitura local teriam sido retiradas para abrir caminho para fãs da cantora.
Os shows em Estocolmo, onde Beyoncé cantou para uma multidão de 46 mil pessoas durante duas noites, atraíram fãs do mundo todo – especialmente dos Estados Unidos, onde o dólar forte em relação à coroa sueca ajudou a fazer com que os ingressos no país nórdico parecessem um roubo relativo.
Em um e-mail ao jornal americano Washington Post no mês passado, o Visit Stockholm descreveu o boom do turismo na cidade como “efeito Beyoncé”.
A inflação acumulada em 12 meses na Suécia atingiu um pico de 12,3% em dezembro. O índice de 9,7% no mês passado caiu dos 10,5% em abril, de acordo com os dados oficiais. Os mercados financeiros esperavam cerca de 9,4%.
Para um artista ter tal impacto, é “muito raro”, disse Grahn à BBC, acrescentando que grandes campeonatos de futebol podem ter um efeito semelhante. Ele escreveu nas redes sociais que espera que as tendências voltem ao normal agora em junho.