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Política Ministro da Defesa diverge da posição do presidente Lula sobre coordenação dos ataques extremistas

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Para Múcio, CPI dos Atos Extremistas é evento "midiático". (Foto: Antonio Cruz/Agência Brasil)

O ministro da Defesa, José Múcio, afirmou que não há um “grande líder” responsável pelos ataques golpistas aos prédios públicos dos Três Poderes, em Brasília, no dia 8 de janeiro. A fala se opõe a declarações do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) de que os atos violentos foram liderados pelo adversário dele, o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). Em transmissão ao vivo na segunda-feira (19), Múcio disse ainda que a Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) do 8 de Janeiro, instalada no Senado para investigar o caso, é um evento “midiático”.

“Eu não acredito que nós vamos encontrar o verdadeiro responsável. Não vamos porque ninguém mandou. Foram agricultores aqui do Centro-Oeste que financiaram, foram donos de ônibus… É por aí que nós vamos chegar a várias pessoas responsáveis sem ter assim um grande líder”, disse Múcio, durante discurso em evento virtual do Instituto para Reforma das Relações entre Estado e Empresa (IREE) sobre defesa nacional do Brasil.

Ao contrário do ministro da Defesa, Lula vê Bolsonaro como “coordenador” de uma tentativa de golpe. Na segunda-feira, o petista voltou a repetir esse posicionamento durante a segunda live “Conversa com o Presidente”. “Já está provado que eles tentaram dar um golpe e coordenado pelo ex-presidente, que agora tenta negar. Quando ele perdeu as eleições, ele se trancou dentro de casa para ficar preparando o golpe”, afirmou.

Durante o discurso na transmissão ao vivo, o ministro da Defesa também disse que nenhum “militar da ativa” participou do ataque. “As pessoas que vieram para a praça no dia 8 não saíram de lá (do quartel), porque lá tinha muito pouca gente. Foi gente de fora estimulada por irresponsáveis, baderneiros, mas não tinha um militar da ativa. Pode ser que nas pessoas físicas havia algumas pessoas que têm o estímulo pelo golpe, por uma afronta à democracia, mas as Forças Armadas não participaram”, disse.

O ministro, entretanto, não excluiu a ideia de que, entre os membros das instituições de defesa, poderiam ter servidores que eram a favor do golpe. “Algum militar do Exército desejava (o golpe)? Acredito que sim. Algum militar da Marinha desejava? Acredito que sim. Da Aeronáutica? Também acredito que sim. Mas a instituição do Exército, da Marinha e da Aeronáutica por momento nenhum estava com digitais naquele movimento.”

A Polícia Federal (PF) encontrou no celular de Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, o roteiro para um “golpe de Estado”. O documento dá um passo a passo em oito etapas para que as Forças Armadas assumam o comando do País diante da derrota do ex-presidente nas urnas. No aparelho, também foram encontradas mensagens com planos golpistas.

Críticas 

Na transmissão, Múcio ainda teceu críticas sobre a CPMI do 8 de Janeiro. Para ele, o colegiado é um “movimento midiático”. “Vamos ter essa CPI que vai ser muito mais um movimento midiático. O que mais me preocupa dessa CPI são as sequelas que ela pode deixar na preocupação de parlamentares entusiasmados nas suas bases em ter mais votos; que provoque A ou B para que possa aparecer”, disse.

Mesmo com as críticas, o ministro defendeu que as questões do 8 de janeiro precisam ser resolvidas, já que os ataques são “um assunto diário”, discutido em todas as reuniões.

Múcio ressaltou que as investigações não devem deixar “sequelas para quem está trabalhando” e que os grampos dos telefones celulares precisam ser tratados com responsabilidade. “Nós precisamos ver o que é conversa e o que são pessoas instigando um golpe. Não é porque a pessoa é militar e que fala com o outro telefone que está comprometida. Precisamos ver verdadeiramente quem nas ligações estão deixando digitais de comprometimento”, disse.

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