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Política Em depoimento à CPMI dos atos de 8 de janeiro, coronel Lawand diz que nunca falou em “golpe”

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O depoimento não agradou parlamentares ligados ao governo e a oposição. (Foto: Divulgação/Câmara dos Deputados)

Foto: Divulgação/Câmara dos Deputados
O depoimento não agradou parlamentares ligados ao governo e a oposição. (Foto: Divulgação/Câmara dos Deputados)

O coronel do Exército Jean Lawand Júnior prestou depoimento hoje na Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) do 8 de janeiro, em Brasília. Lawand disse que as mensagens trocadas com Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro (PL), tinham como intenção pedir ao então presidente da República uma “ordem de apaziguamento” para o país. O coronel completou afirmando que nunca falou em “golpe”.

“A ideia minha, desde a primeira mensagem com o tenente-coronel Cid foi que viesse alguma manifestação para poder apaziguar aquilo [os acampamentos] e as pessoas voltarem às suas casas e seguirem a vida normal. O ex-presidente Bolsonaro tinha uma liderança sobre a população. Então, a minha intenção foi alguma atitude para que aquelas pessoas voltassem às suas casas, voltassem à normalidade”, disse Lawand.

O militar também disse que mandou as mensagens no calor do momento e que se arrepende de ter dito, em outra  troca de mensagens com Cid, que, “se a cúpula do EB [Exército Brasileiro] não está com ele, de [general de] divisão para baixo está”.

“Opinião minha no calor da emoção, mas eu tenho certeza de que, se a ordem fosse dada, todas as instituições do país colaborariam para que aquelas pessoas voltassem à sua tranquilidade, à sua rotina”, afirmou.

O depoimento não agradou parlamentares ligados ao governo e a oposição.

“O senhor não acha que a sua versão aqui é uma coisa absolutamente delirante em relação a tudo que o senhor escreveu nas mensagens com o Mauro Cid? O senhor acha que, realmente, nós não conseguimos raciocinar? Que esta comissão aqui é feita de pessoas da 5ª série do ensino fundamental? O senhor, de fato, tem o direito de ficar calado, mas mentir não pode. Isso é um absurdo que o senhor está fazendo aqui”, questionou a deputada Jandira Feghali (PCdoB-RJ).

“Eu não sei quem o orientou, mas, de verdade, o senhor não convence ninguém. O senhor apequena a sua história, atrofia o sucesso da sua carreira e tenta impor uma narrativa que não para de pé ao menor esforço. Eu não sei se a vossa senhoria se convence da versão que está apresentando aqui, ou se acha que alguém, ao ler aquilo que está nas transcrições, acredita, sim”, disse o senador Marcos Rogério (PL-RO).

Quem é Lawand

Formado na Academia Militar das Agulhas Negras (Aman), no Sul do Estado do Rio de Janeiro, o coronel de artilharia do Exército Jean Lawand Júnior, de 51 anos, é citado em investigações da Polícia Federal (PF) como um dos militares do alto escalão das Forças Armadas que incentivou uma tentativa de golpe de Estado após a derrota do ex-presidente Jair Bolsonaro (PF) nas eleições do ano passado.

Mensagens divulgadas pela revista Veja, mostram Lawand cobrando tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, que fosse colocado em prática um plano, em oito etapas, para que as Forças Armadas assumissem o comando do País diante da derrota do ex-presidente nas urnas.

“Cidão, pelo amor de Deus, cara. Ele dê a ordem, que o povo está com ele (…). Acaba o Exército Brasileiro se esses caras não cumprirem a ordem do Comandante Supremo”, afirmou Lawand ao ex-ajudante de ordens de Bolsonaro por mensagem.

Lawand ingressou nas Forças Armadas em 1992, aos 20 anos, na Academia Militar das Agulhas Negras, unidade em que Bolsonaro frequentou antes de ingressar na política. Ele se graduou em Ciências Militares na academia de preparação de oficiais, em Resende, e fez pós-graduação na Escola de Aperfeiçoamento de Oficiais e pela Escola de Comando e Estado-Maior do Exército.

Lawand chefiou o 6º Comando de Mísseis e Foguetes (6º CFA) até dezembro de 2020, ainda como tenente-coronel. Foi comandante do Corpo de Alunos da Escola Preparatória de Cadetes do Exército (EsPCEx), em Campinas (SP), e foi o responsável pela primeira turma de mulheres que ingressaram no local, em 2017, por determinação da ex-presidente Dilma Rousseff (PT), ainda em 2012. A lei previa que a EsPCEx e a Aman se adequassem em cinco anos.

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