Quinta-feira, 26 de dezembro de 2024
Por Redação O Sul | 1 de julho de 2023
A derrota de Bolsonaro no Tribunal Superior Eleitoral (TSE), que formou maioria pela inelegibilidade do ex-presidente em julgamento nesta sexta-feira, abre espaço para a concorrência pelo voto bolsonarista de olho nas eleições de 2026.
Por motivos distintos, três nomes vem sendo comumente citados por correligionários de Bolsonaro como possíveis sucessores no campo da direita: a ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro (PL); o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos); e o governador de Minas Gerais, Romeu Zema (Novo). Correm por fora ainda a ex-ministra da Agricultura, hoje senadora, Tereza Cristina (PP-MS); e o governador do Paraná, Ratinho Júnior.
Apesar da expectativa de que o ex-presidente busque conduzir seu espólio eleitoral para um único nome de sua preferência, o próprio Bolsonaro tem evitado sinalizações específicas. Na quinta-feira, por exemplo, questionado por jornalistas no Rio sobre a capacidade de Tarcísio e de Michelle despontarem como seus sucessores, Bolsonaro afirmou que há “vários bons nomes por aí”.
“Bolsonaro foi quem conseguiu cristalizar em votos uma força social de interesses difusos, que inclui, por exemplo, evangélicos e militares. Há a possibilidade tanto de uma fragmentação deste campo quanto de surgir candidato escolhido por Bolsonaro como herdeiro, embora isso, por si só, não signifique que este nome será bem-sucedido em herdá-lo — analisa o cientista político Emerson Cervi, professor da UFPR.
Tarcísio de Freitas
Tarcísio, sempre que questionado sobre a possibilidade de ser candidato, também tem se esquivado do assunto. Segundo interlocutores, a antecipação deste assunto antes do desfecho do julgamento de Bolsonaro poderia ser lida como oportunismo e traição. Também pesa na balança o fato de ele ainda poder disputar a reeleição ao governo estadual.
O governador de São Paulo tem encontrado desconfiança de bolsonaristas por posicionamentos mais ao centro e pelo pouco espaço dado à ala ideológica na máquina estadual. Tarcísio preteriu o próprio partido nas nomeações ao Palácio dos Bandeirantes e quase não cedeu cargos ao PL. Ao mesmo tempo, abriu um canal de diálogo com o presidente Lula e fez de Gilberto Kassab (PSD), figura rejeitada por apoiadores de Bolsonaro, um dos quadros mais influentes de sua gestão.
Romeu Zema
O governador mineiro, Romeu Zema, ganhou força como possível herdeiro do campo bolsonarista desde sua aproximação explícita com Bolsonaro e seu entorno, no segundo turno de 2022. De um partido, o Novo, que não faz parte do núcleo bolsonarista, ele aposta mais no antipetismo do que nas pautas ideológicas, e tem feito uma gestão se equilibrando entre moderação e acenos à direita.
Por já ter se reelegido, Zema tem um empecilho a menos do que Tarcísio para se lançar à Presidência em 2026. No entanto, Bolsonaro sinalizou nesta sexta-feira, em viagem a Belo Horizonte, que enxerga o governador mineiro como alternativa para concorrer ao Palácio do Planalto só a partir de 2030.
Clã Bolsonaro
Uma eventual candidatura à Presidência da ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro, que desempenhou papel central na campanha do marido em 2022, agrada o presidente nacional do PL, Valdemar Costa Neto. Michelle é considerada um nome capaz de fidelizar o eleitorado evangélico e ampliar o apelo do bolsonarismo entre as mulheres, que apresentavam maiores índices de rejeição a Bolsonaro na última campanha, segundo pesquisas eleitorais.
O ex-presidente, porém, tem desencorajado publicamente a ideia de uma candidatura presidencial de Michelle, argumentando que falta “experiência” política à ex-primeira-dama. Correligionários avaliam que há receio de deixar integrantes da família “na vitrine”, sujeitos a escrutínio do público e a ataques de adversários políticos, e que por isso o ex-presidente colocou o pé no freio de candidaturas de parentes ao Executivo.
Aceno ao agro
Os obstáculos para os favoritos no campo bolsonarista têm levado aliados do ex-presidente a cogitar alternativas, conciliando a proximidade ao ex-presidente com a capacidade de acenar a grupos tradicionalmente ligados à direita.
Uma dessas alternativas é a ex-ministra da Agricultura, Tereza Cristina. Eleita ao Senado em 2022, ela tem sua base eleitoral fortemente ligada ao agronegócio, e é vista como um nome que mantém portas abertas no setor. Além disso, sua candidatura agrada a caciques do Centrão, que veem nela um nome mais moderado e mais confiável em relação a outros cotados.
Quem corre por fora é o governador do Paraná, Ratinho Jr., reeleito com ampla vantagem em um dos estados onde Bolsonaro teve maior votação proporcionalmente no ano passado.