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Brasil Ministro da Agricultura é alvo de rede de intrigas dentro do governo

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21 instituições estão autorizadas a operar recursos do Plano Safra. (Foto: Reprodução)

O lançamento do Plano Safra na semana anterior foi um evento pensado para marcar a reaproximação entre o governo e o agronegócio. Foram convidados para a solenidade empresários rurais, parlamentares e nada menos que 14 ministros. Ao anunciar a liberação de 364 bilhões de reais para financiar grandes e médios produtores, Lula ressaltou que não tratará o agronegócio de maneira ideológica, não vai insuflar o ódio e pretende ampliar ainda mais as linhas de crédito para a categoria nos próximos anos. Antes, fez rasgados elogios ao ministro da Agricultura, Carlos Fávaro.

“Desde que vi o Fávaro, achei que ele, por ser um homem ligado ao agronegócio, por pensar do jeito que pensava, poderia ser o meu ministro da Agricultura. Se vocês não acreditam em destino, se não acreditam na relação química entre os seres humanos, eu acredito. O Fávaro tem sido uma dessas coisas boas que aconteceram num governo que não é um clube de amigos”, disse o presidente. O enaltecimento não era por acaso.

Nos últimos dois meses, Fávaro tem sido alvo de um bombardeio de intrigas, maledicências e até de dossiês que circulam dentro do próprio governo. Os petardos vêm de várias direções. O PT, por exemplo, tem atuado em várias frentes para fragilizar o ministro. Um grupo de servidores ligados ao partido reuniu documentos que mostrariam supostas irregularidades praticadas por diretores do Ministério da Agricultura. O material foi encaminhado ao ministro-chefe da Casa Civil, Rui Costa. Um dos funcionários encarregados da coleta de material contra Fávaro contou a VEJA que assessores do ministro estariam envolvidos num esquema de liberação ilegal de licenças de fabricação de agrotóxicos e favorecimento a empresas. Esses assessores, de acordo com o dossiê, foram nomeados para os respectivos cargos durante o governo passado e mantidos em seus postos pelo ministro. Fávaro foi informado sobre as denúncias, as considerou inconsistentes, nada fez e, por conta disso, está sendo acusado pelos petistas de conivência.

Como disse Lula, o governo não é um clube de amigos. Nos últimos dias, no gabinete do ministro Alexandre Padilha, da Secretaria de Relações Institucionais (SRI), esteve em discussão a recente liberação de 140 milhões de reais do orçamento do Ministério da Agricultura para a recuperação de estradas em áreas rurais e a compra de equipamentos agrícolas. Desse total, 130 milhões foram direcionados para sete cidades de Mato Grosso, o estado de Carlos Fávaro. O ministro não consultou os partidos, nem os deputados e senadores aliados. Foi acusado de usar os recursos para semear a própria candidatura ao governo estadual. Resultado: furiosos, alguns parlamentares bateram na porta da SRI para reclamar. Disseram que Fávaro teria descumprido um acordo informal feito entre o governo e o Congresso e ameaçaram uma rebelião. Para contornar o problema e sem consultar o ministro, a equipe de Padilha estuda uma forma de cancelar os empenhos e rever a destinação dos recursos. É improvável que isso aconteça.

Os ataques a Carlos Fávaro são produto de uma disputa que envolve o PT e os aliados, principalmente os parlamentares ligados ao chamado Centrão. O Ministério da Agricultura é uma vitrine, uma fonte de poder. Uma decisão do ministro tem o poder de influenciar o voto de pelo menos 200 deputados, a chamada bancada do agronegócio. Além disso, a pasta conta com um orçamento de 14 bilhões de reais. Outro alvo de cobiça são os cargos de segundo e terceiro escalões, especialmente as superintendências nos estados, indicações muito disputadas por políticos e empresários. Fávaro, que é do PSD, tem recebido críticas do próprio partido por não atender pedidos de correligionários.

Nos bastidores, há uma pressão para que Lula inclua o ministro na minirreforma ministerial prevista para o segundo semestre. Parlamentares e líderes de partidos da base, como o MDB, demonstram explicitamente o interesse pelo cargo, apresentando até o nome do candidato a sucessor: o deputado federal Sérgio Souza (MDB-PR). A legenda já possui outros três ministérios na Esplanada. Souza foi presidente da Frente Parlamentar da Agropecuária, cotado para o posto no período de transição e ainda tem como trunfo a proximidade com a presidente do PT, Gleisi Hoffmann, de quem foi suplente no Senado.

Ciente de que está caminhando sobre brasas espalhadas pelos próprios aliados, o ministro disse que não está nem um pouco preocupado. Segundo ele, sua missão principal – a reaproximação do governo com o agronegócio – está sendo bem-sucedida.

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https://www.osul.com.br/ministro-da-agricultura-e-alvo-de-rede-de-intrigas-dentro-do-governo/ Ministro da Agricultura é alvo de rede de intrigas dentro do governo 2023-07-02
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