Domingo, 12 de janeiro de 2025
Por Redação O Sul | 5 de julho de 2023
Líder evangélico cm 5,6 milhões de seguidores no Instagram, o pastor André Valadão, que usou suas redes durante a campanha eleitoral em prol do bolsonarismo, vem mirando nos últimos tempos contra a comunidade LGBTQIA+. Herdeiro de Márcio Valadão, que assumiu há 50 anos a liderança da Igreja Batista Lagoinha, original de Belo Horizonte, o pastor, de 45 anos, inclusive criou no mês passado uma campanha com as hashtags #orgulhonao e #nopride para disseminar discurso contrário a essa população, que em 28 de junho festejou o Dia Internacional do Orgulho LGBTQIA+.
Valadão, adepto de polêmicas nas suas plataformas, usadas para divulgar opiniões políticas, já vinha provocando uma série de protestos em suas postagens antes de motivar denúncias no Ministério Público por causa de um sermão acusado de homofóbico e de incitação ao ódio na Lagoinha Orlando Church, nos EUA. Nas redes, Valadão se justificou dizendo que citava um trecho bíblico.
Em suas pregações, consideradas beligerantes mesmo entre evangélicos mais radicais, ele tem disparado críticas ao movimento LGBTQIA+, chamado por ele de “religião”. Numa, ele chega a fazer associação com pedofilia: “Essa religião prega ‘viva seus impulsos’, essa religião LGBTQIA+ ensina ‘faça o que te der na cabeça’: hoje você pode estar com um homem, amanhã com uma mulher, estão até tentando fazer lei dizendo se você até quiser e ter atração por crianças, não é bem que você está errado, é que você tem, está dentro de você, faz parte”, diz ele, numa postagem de uma semana atrás.
Um seguidor, entre muitos a favor e outros contra, comentou: “Nem mesmo os familiares do André Valadão compactuam com esse ódio disseminado por ele. Observem a postura de Ana Paula Valadão, suas irmãs, cunhadas e do seu próprio pai. Está muito claro que André Valadão não está preocupado em converter ninguém e sim em se exibir”, respondeu um internauta. Outra escreveu: “Desculpe, mas isso já virou sensacionalismo e discurso de ódio… Daqui a pouco vai ter fiéis matando gays pelas ruas das cidades! Misericórdia, senhor”.
Em suas postagens e pregações, Valadão diz que na “religião LGBTQIA+, o deus é o ser humano, e o sexo é a forma de adoração”. A campanha contra a comunidade LGBTQIA+ atingiu tal ponto que, no começo de junho, ele pregou na sede de Orlando cercado de painéis multimídias nos quais lia-se “Santidade é para todes” em letras garrafais e nas cores do arco-íris. Na legenda da postagem, ele explica: “ironia no TODES, óbvio”. Uma série de cultos foi batizada como “Deus odeia o orgulho”.
Da família Valadão, André é hoje o mais midiático. Ele conduz a Lagoinha Global, que informa em seu site ter “centenas de igrejas plantadas em todos os continentes do mundo”. No últimos dias, ele lançou outra campanha, desta vez como se estivesse senso censurado. Numa imagem postada ele coloca Hitler e Trump lado a lado com a palavra “censura” em destaque. Boa parte dos seguidores não entendeu o conteúdo, seguido de um cartaz semelhante com a sua própria imagem . Uma escreveu: “Nossa… o tema é até legal. Mas essa arte aí… tá querendo dizer o que? Que Hitler foi uma vítima de censura? Pelamor”. Outro escreveu que “isso não é Evangelho, é marketing”.
Na campanha eleitoral de 2022, Valadão se mostrou ferrenho defensor de Bolsonaro, que participou de ao menos dois eventos organizados por ele nos EUA. No final de outubro, ele viralizou nas redes sociais com uma fake news, num vídeo em que faz uma retratação ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). O pastor afirmava ter sido intimado pelo presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Alexandre de Moraes, a negar que Lula seja a favor do aborto e da descriminalização das drogas. O TSE, no entanto, negou a existência da decisão. As informações são do jornal O Globo.