Sexta-feira, 10 de janeiro de 2025
Por Redação O Sul | 7 de julho de 2023
O governador de São Paulo acabou se desgastando publicamente com seu padrinho político, o ex-presidente Jair Bolsonaro
Foto: Agência BrasilApós o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), enfrentar críticas de bolsonaristas pela postura nas negociações da reforma tributária, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou que o debate sobre a proposta não é um “fla-flu”, e defendeu uma “despartidarização e despolarização” do assunto, classificado como “de Estado, e não de partidos”.
O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) chegou a afirmar que teria ficado chateado pelo apoio público do aliado ao texto da reforma. Aliado de Bolsonaro, o chefe do Executivo paulista disse que concorda com “95%” do texto da reforma após se encontrar com o ministra da Fazenda, Fernando Haddad (PT).
“Muita gente ficou chateada com o Tarcísio, até eu. Mas vamos conversar, pô. Conversei com ele”, afirmou Bolsonaro.
“O Tarcísio não tem, com todo o respeito, uma experiência política que muitos de vocês têm. Nós não queremos, nesta proposta que tá aí, dizer que vai ser melhorada por emendas. Não tem garantia nenhuma de aprovação. O que o Tarcísio está expondo e eu conversei longamente com ele, é essas possíveis emendas entrarem agora no corpo da PEC”, afirmou Bolsonaro durante a reunião com integrantes do PL.
O ex-ministro da Infraestrutura de Jair Bolsonaro foi hostilizado em uma reunião com integrantes do PL, na presença do ex-presidente, na quinta-feira (6) em Brasília para tratar da reforma tributária. Tarcísio chegou a ser vaiado por aliados.
“Eu acho arriscado para a direita abrir mão da reforma tributária”, tentou dizer Tarcísio, após falar que havia ido ao encontro “na maior humildade”.
Ao ouvir vaias, porém, reclamou. “Tudo bem, gente. Se vocês acham que a reforma tributária não é importante, não vota, pô.”
Bolsonaro disse que Tarcísio, “com todo o respeito, não tem experiência política”. Afirmou também que havia ficado “chateado” com Tarcísio.
Tarcísio encontrou Haddad no Ministério da Fazenda. “Quando o governador vem aqui e defende a reforma, não está defendendo um partido, um governo, mas o que o País está pedindo”, disse Haddad a jornalistas após voltar de reuniões na residência Oficial da Câmara e no Planalto para tratar de forma tributária.
Questionado se referia-se ao governador do Estado de São Paulo, com quem disputou as eleições no ano passado, o ministro da Fazenda disse que recebeu Tarcísio para tratar de questões de Estado, da mesma forma que mantém reuniões com o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto.
“Não estamos discutindo política miúda. Até porque os impactos dessa reforma serão por décadas. Política de Estado tem que estar em outra prateleira. Tem que inspirar a classe política a buscar entendimento”, respondeu Haddad, para quem é preciso “sobriedade” para separar governo e política de Estado.
O governador de São Paulo capitaneou o acordo com o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), o relator da proposta, deputado Aguinaldo Ribeiro (PP-PB) e Haddad, mas acabou também desgastando com seu padrinho político, o ex-presidente Jair Bolsonaro.
Reforma Tributária
Em uma votação histórica e após 35 anos de tentativas sem sucesso, a Câmara dos Deputados aprovou, na madrugada dessa sexta-feira (7), o texto-base da proposta de reforma tributária. No primeiro turno, o placar foi de 382 votos a favor e 118 contrários. Já no segundo turno, o resultado foi de 375 favoráveis e 113 contrários. Por se tratar de uma Proposta de Emenda à Constituição (PEC), eram necessários pelo menos 308 votos.
Para a aprovação da reforma, Lira e o relator, fizeram uma série de concessões, beneficiando ainda mais o agronegócio e o setor de serviços com taxação mais baixa.