Quinta-feira, 24 de abril de 2025
Por Redação O Sul | 11 de julho de 2023
O hacker Walter Delgatti Neto, da Vaza-Jato, disse em depoimento à Polícia Federal (PF) que a deputada federal Carla Zambelli (PL-SP) pediu para que ele invadisse as urnas eletrônicas ou a conta de e-mail e telefone do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF). Segundo informações do blog da jornalista Andréia Sadi, no g1, o pedido teria sido feito em setembro do ano passado, em São Paulo. A defesa de Zambelli negou as declarações de Hacker Delgatti.
Delgatti relatou à PF que não conseguiu acessar o sistema das urnas eletrônicas e nem o celular de Moraes. Além disso, o hacker também afirmou que não havia nada “comprometedor” na conta do e-mail do ministro — a qual teve acesso em 2019, quando invadiu aplicativos de outras autoridades e foi preso.
Após ser colocado em liberdade, Delgatti foi preso novamente em junho deste ano, por descumprir determinações judiciais ao acessar a internet — a Justiça proibiu o hacker de manter atividades on-line. Ele voltou à prisão por risco de que ele repetisse as ações criminosas anteriores, que o levaram a ser acusado pelo Ministério Público.
Delgatti é investigado desde 2019 pela PF no âmbito da Operação Spoofing, que apura a invasão do celular de autoridades por um grupo hacker. Parte do conteúdo foi repassado à época pelo hacker a jornalistas do The Intercept e influenciaram nas anulações de processos contra o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que atualmente não responde mais ações da Lava-Jato na Justiça.
A defesa de Zambellil negou as acusações de Hacker Delgatti e pontou que irá tomar as medidas cabíveis contra as declarações. Leia a nota na íntegra: “A Deputada Federal Carla Zambelli desconhece e nega os fatos noticiados em relação às declarações do Hacker Delgatti. Seu advogado, Daniel Bialski, pedirá acesso aos autos e, depois de analisados, tomará todas as medidas cabíveis”.
Ações
O ministro corregedor do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Benedito Gonçalves, determinou que duas ações de investigação judicial eleitoral contra Carla Zambelli voltem para a Justiça Eleitoral de São Paulo. As decisões dadas nos dois processos são idênticas e têm como argumento a falta de competência da Corte de Brasília.
“Não se justifica a concentração, na Corregedoria-Geral Eleitoral, de todas as ações ajuizadas em quaisquer unidades da federação a respeito de fatos assemelhados, em prejuízo à tramitação célere das ações relativas ao pleito presidencial”, argumentou o ministro. Ele também disse que “a reunião de processos é medida que atende à racionalidade processual”.
A estratégia de defesa foi tentar fazer com que as acusações contra a deputada fossem julgadas com as que pairam sobre o ex-presidente Jair Bolsonaro. Os dois processos do TSE têm muitos réus – uma das ações tem nove e a outra, 83 –, o que tende a protelar o curso da ação. Além disso, uma decisão que beneficie um dos réus pode ser aplicada para os demais, o que permitiria que Zambelli “pegasse carona” nos êxitos das outras defesas.