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Por Redação O Sul | 20 de julho de 2023
Em depoimento à Polícia Federal (PF), o senador Marcos do Val (Podemos-ES) afirmou ter feito “acusações infundadas”, em um “momento de raiva”, sobre o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) estar envolvido em uma “trama golpista”. Aos investigadores, o parlamentar também acusou o ex-deputado federal Daniel Silveira de planejar uma gravação com a intenção de sabotar o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF).
No depoimento, Do Val voltou a confirmar uma reunião com Silveira e Bolsonaro, no Palácio da Alvorada, no início de dezembro. No encontro, segundo ele, estavam sendo debatidos “assuntos políticos”, como sua eventual filiação ao Partido Liberal (PL), quando o ex-deputado interrompeu a conversa para tratar sobre a “gravação do ministro” com a “finalidade de invalidar as eleições”.
À PF, Do Val afirmou que, embora a proposta de Silveira tenha sido falada na presença do ex-presidente, Bolsonaro “apenas ouviu a proposta e não se manifestou”. O senador disse que, no encontro, o ex-deputado falava que ele “seria o herói brasileiro”.
“Ficou claro que DANIEL SILVEIRA, na reunião, estava tentando convencer tanto o declarante quanto o ex-Presidente para aderirem a essa “missão”; QUE, pela expressão de surpresa do ex-presidente, acredita que apenas DANIEL SILVEIRA sabia do que seria tratado na reunião; QUE afirma ter tido impressão de que o declarante e o Ex-Presidente foram conduzidos até a reunião por DANIEL SILVEIRA por razões distintas”, disse Do Val no depoimento.
À PF, Bolsonaro disse que não tinha vínculo com o senador e negou qualquer plano de gravar Moraes. Após o depoimento, o advogado Fabio Wajngarten afirmou que o ministro sequer foi citado na conversa entre Bolsonaro e Do Val.
“Não foi discutido nenhum ato preparatório ou plano nessa reunião rápida no Palácio da Alvorada. Ao contrário do que foi dito, nenhum ato preparatório, nenhum golpe… O nome do ministro Alexandre de Moraes jamais foi citado.”
Em nota, o advogado Paulo Faria, que defende Daniel Silveira, afirmou que Do Val “não possui qualquer credibilidade para acusá-lo, uma vez que já expeliu uma dezena de versões sobre o mesmo fato”. Ainda de acordo com o defensor, foi o senador quem procurou Silveira para levá-lo a Bolsonaro, pois teria informações que “abalariam a República”.
Mensagens
A perícia feita pela PF no celular do parlamentar identificou uma série de mensagens em que ele fala sobre a suposta trama golpista pela qual é investigado — e, de acordo com a corporação, as mensagens mostram que ele exagerava em diversos momentos.
Em um destes blefes, na visão da PF, ele afirmou no WhatsApp que se reportava à “inteligência americana”. Em uma conversa com o ex-deputado Daniel Silveira, o parlamentar diz que informou a agentes estrangeiros sobre um suposto plano para gravar o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF). Do Val é investigado pela atuação na suposta trama golpista. Para a PF, a interlocução com os Estados Unidos não era verdadeira.
Na conversa com Silveira, o senador diz que foi necessário fazer o relato à “inteligência americana” devido à “outra função” que exercia — do Val afirma com frequência que já foi instrutor da Swat, grupo de elite da polícia dos Estados Unidos. “É possível que do Val tenha dito tal afirmação apenas como um “blefe”, diz trecho do relatório da PF.