Sábado, 01 de fevereiro de 2025
Por Redação O Sul | 23 de julho de 2023
Integrantes do Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas (ONU) têm discutido, nos últimos dias, as consequências da retirada da Rússia da chamada “Iniciativa do Mar Negro”. Trata-se de um programa que permitiu a exportação segura de grãos e insumos desde os portos da região por quase um ano, apesar do conflito armado entre Rússia e Ucrânia.
A subsecretária-geral para Assuntos Políticos, Rosemary DiCarlo, ressalta que os impactos não se restringem à alta no preço dos alimentos: os bombardeios ordenados por Moscou agravam a crise, cuja consequências já são sentidas em todo o planeta.
Esses ataques destruíram infraestrutura portuária, instalações e cargas de grãos. Rosemary estima que a recente onda de ataques aos portos ucranianos deve impactar a segurança alimentar global, em particular no que se refere aos países em desenvolvimento.
Para a representante da ONU, ameaças a embarcações civis nas águas do Mar Negro são inaceitáveis: “A ONU se preocupa com relatos de minas marítimas no Mar Negro, colocando em risco a navegação civil”.
Ela apela às partes para se absterem de qualquer retórica ou ação que possa deteriorar a situação: “Qualquer risco de contágio resultante de um incidente militar no Mar Negro, intencional ou acidental, deve ser evitado a todo custo, pois pode resultar em consequências potencialmente catastróficas”.
Situação humanitária
O chefe humanitário da ONU, Martin Griffiths, também destaca os impactos da suspensão da “Iniciativa do Mar Negro”, que está prestes a completar um ano: “Os acordos foram uma resposta internacional decisiva para frear os preços dos alimentos, que minava a segurança alimentar de todo o planeta”.
Na sua avaliação, a iniciativa foi uma demonstração de que seria possível alcançar “soluções inovadoras, ousadas, que colocassem a humanidade acima da política, mesmo nas circunstâncias mais extremas”.
Ele e a subsecretária-geral da ONU também lamantam a destruição da represa de Kakhovka, que causou estragos ambientais e comprometeu a produção agrícola na região. Outro foco de preocupação diz respeito à vulnerabilidade na usina nuclear de Zaporizhzhia.
As minas terrestres seguem representando perigos para os civis nos próximos anos, já que quase um terço do país está supostamente contaminado com artilharia não detonada, minas terrestres e bombas de fragmentação.
Ambos elogiam o secretário-geral da Organização das Nações Unidas, o espanhol António Guterres, ao lembrar que as Nações Unidas vão continuar os esforços para facilitar o acesso desimpedido aos mercados globais de alimentos e fertilizantes da Ucrânia e da Rússia.
A ideia nas altas instâncias da ONU é de que a única maneira de conter a catástrofe é alcançar um entendimento para o fim da guerra, com base no direito internacional e nos princípios consagrados na “Carta da ONU”, bem como nas resoluções da Assembleia-Geral.
O chefe humanitário da ONU, Martin Griffiths, diz que a retórica atual sobre o conflito na Ucrânia ameaça “minar ainda mais o transporte seguro de alimentos através do Mar Negro de forma mais ampla”.
Sem acesso a portos ou mercados mundiais, os agricultores podem não ter escolha exceto parar de trabalhar. Além dos efeitos globais, Griffiths avalia que isso teria um impacto imediato nos preços internos dos alimentos e na estabilidade econômica do país, afetando também a segurança alimentar dentro da Ucrânia.
“Civis e a infraestrutura civil devem ser respeitados”, acrescenta. “As exportações de alimentos e fertilizantes da Ucrânia e da Rússia continuam sendo de importância crucial para a segurança alimentar global.”
Ele e reforça que as Nações Unidas continuarão a buscar formas de garantir que alimentos e fertilizantes russos e ucranianos possam continuar a chegar aos mercados globais para reduzir preços e fortalecer a segurança alimentar.