Segunda-feira, 28 de abril de 2025
Por Redação O Sul | 9 de agosto de 2023
O ministro-chefe do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), Marcos Antônio Amaro, voltou atrás sobre a decisão de exonerar os três militares suspeitos de enviar detalhes de segurança das viagens do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) ao tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro preso e alvo da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) do 8 de Janeiro.
Em nota enviada na noite dessa quarta (9), o GSI informou que “instaurou sindicância para apurar os fatos; os militares citados foram afastados do trabalho e, caso a sindicância constate responsabilidades, eles serão desligados da Presidência da República”.
Mais cedo, o general Amaro confirmou ao Metrópoles que iria exonerar os militares dos cargos ainda nessa quarta. Segundo interlocutores do Planalto, o chefe do GSI decidiu rever a decisão por medo de realizar “exonerações injustas”.
Reportagem da coluna Guilherme Amado, do portal Metrópoles, revelou que o tenente-coronel Mauro Cid recebeu, via e-mail funcional, documentos “urgentíssimos”, de militares lotados no GSI, sobre quatro viagens e três eventos de Lula, dentro e fora do país. O material foi encaminhado à CPMI do 8 de Janeiro no Congresso Nacional.
Ao ser questionado sobre a entrega, Amaro disse: “pode ter sido uma falha de permanência de lista de distribuição, estamos apurando. Não isenta a responsabilidade de culpa, mas vamos apurar”.
As mensagens da Secretaria de Segurança e Coordenação Presidencial, do GSI, foram enviadas a Cid de 6 a 13 de março deste ano. Naquela época, Cid e Bolsonaro estavam nos Estados Unidos. O ex-presidente deixou o Brasil ainda em dezembro, para não passar a faixa presidencial a Lula.
Ainda segundo a reportagem, Cid recebeu, em sua caixa de entrada, os detalhes de segurança das viagens de Lula a Pequim e a Xangai, na China; a Brasília, em três eventos; a Foz do Iguaçu (PR); e a Boa Vista (RR), que aconteceram em março e abril.
Os e-mails partiram de três militares do GSI: Márcio Alex da Silva, do Exército; Dione Jefferson Freire, da Marinha; e Rogério Dias Souza, da Marinha. Todos já trabalhavam no GSI na gestão Bolsonaro.
Pais
Um relatório do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) que chegou à CPMI do 8 de Janeiro informa que os pais do tenente-coronel do Exército Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro (PL), movimentaram cerca de R$ 2,5 milhões em transações atípicas em um período de 15 meses. Cid está preso desde maio por suspeita de fraude em cartões de vacinação.
O relatório, que está sob sigilo, diz ainda que Agnes Barbosa Cid e Mauro Cesar Lourena Cid fizeram envio atípico de valores para o exterior. Com isso, a CPMI pediu a quebra do sigilo bancário, fiscal e de inteligência financeira do casal, com a disponibilização de extratos e detalhes das movimentações.
Os requerimentos são de autoria do senador Jorge Kajuru (PSB-GO). O parlamentar pede dados completos de 2019 a 2022, ou seja, durante todo o governo do ex-presidente Bolsonaro. Já os requerimentos que pedem acesso às informações de inteligência financeira contemplam o período de janeiro de 2019 a maio de 2023.