Quinta-feira, 09 de janeiro de 2025
Por Redação O Sul | 17 de agosto de 2023
Walter Delgatti Netto disse que Bolsonaro pediu para que ele assumisse a autoria de um grampo que teria sido realizado contra o ministro Alexandre de Moraes.
Foto: Geraldo Magela/Agência SenadoA Polícia Federal (PF) solicitou um novo depoimento do hacker Walter Delgatti Neto para esta sexta-feira (18). O pedido dos investigadores da PF ocorreu logo após o depoimento de Delgatti à CPMI (comissão parlamentar mista de inquérito) que investiga os atos extremistas de 8 de janeiro.
Entre outros pontos, o hacker disse, nesta quinta-feira (17), que o ex-presidente Jair Bolsonaro pediu para que ele assumisse a autoria de um grampo que teria sido realizado contra o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF).
“Nisso, eu falei com o presidente da República e, segundo ele, eles haviam conseguido um grampo – que era tão esperado à época – que era do ministro Alexandre de Moraes. Segundo ele, esse grampo foi realizado já, teria conversas comprometedoras do ministro e ele precisava que eu assumisse a autoria desse grampo”, disse o hacker.
“Ele [Bolsonaro] disse, no telefonema, que esse grampo foi realizado por agentes de outro país. Não sei se é verdade, se realmente aconteceu o grampo porque não tive acesso a ele. E disse que, em troca, eu teria o prometido indulto. E ele ainda disse assim: ‘Se caso alguém te prender [sic], eu mando prender o juiz’, e deu risada”, completou.
Em contrapartida, a defesa de Jair Bolsonaro disse que entrará com uma queixa-crime contra o hacker Walter Delgatti Neto. Nas redes sociais, o advogado e ex-secretário de Comunicação Fábio Wajngarten negou os crimes.
“NUNCA, JAMAIS, houve grampo, nem qualquer atividade ilegal, nem não republicana, contra qualquer ente político do Brasil por parte do entorno primário do Presidente. Mente e mente e mente”, escreveu.
A defesa do ex-presidente se pronunciou aos veículos de imprensa.
“Considerando as informações prestadas publicamente pelo depoente Sr. Walter Delgatti Neto perante a Comissão Parlamentar Mista de Inquérito na presente data, a defesa do ex-Presidente Jair Messias Bolsonaro, informa que adotará as medidas judiciais cabíveis em face do depoente, que apresentou informações e alegações falsas, totalmente desprovidas de qualquer tipo de prova, inclusive cometendo, em tese, o crime de calúnia.
Diante de informações prestadas pelo Sr. Walter Delgatti Neto, quando de sua passagem pelo Palácio da Alvorada, acerca de suposta vulnerabilidade no sistema eleitoral, o então Presidente da República, na presença de testemunhas, determinou ao Ministério da Defesa a apuração das alegações, de acordo com os procedimentos legais e em conformidade com os princípios republicanos, seguindo o mesmo padrão de conduta observado em todas as suas ações enquanto chefe de Estado. Após tal evento, o ex-Presidente nunca mais esteve na presença de tal depoente ou com ele manteve qualquer tipo de contato direto ou indireto”.
Primeiro depoimento à PF
Durante depoimento à Polícia Federal (PF) nessa quarta-feira (16), o hacker reafirmou ter recebido dinheiro da deputada Carla Zambelli (PL-SP) para invadir qualquer sistema do poder Judiciário. Ele disse que o valor foi de R$ 40 mil.
A informação é do advogado de Delgatti, Ariovaldo Moreira, que falou com a imprensa após a oitiva, em Brasília.
“Ele faz provas de que recebeu valores da Carla Zambelli. Segundo o Walter, o valor chega próximo a R$ 40 mil. Foi próximo a R$ 14 mil em depósito bancário. O restante, em espécie. [Para] invadir qualquer sistema do Judiciário”, afirmou o advogado.
Delgatti foi preso em agosto, em operação da Polícia Federal que investiga a tentativa de invasão nos sistemas do Judiciário. No dia da operação, houve buscas e apreensões da polícia em endereços de Zambelli.