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Política Saiba quem é o coronel Mauro Cid e qual era o seu papel no governo Bolsonaro

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Ex-ajudante de ordens de Bolsonaro firmou delação e deixou a cadeia após quatro meses. (Foto: Geraldo Magela/Agência Senado)

Oficial com mais de 20 anos de Exército, o tenente-coronel Mauro Cesar Barbosa Cid ocupou o cargo de ajudante de ordens de Jair Bolsonaro nos quatro anos de mandato do ex-presidente. Desde 3 de maio, Mauro Cid está preso após ter sido alvo de uma operação da Polícia Federal (PF) que investiga a inserção de dados falsos de vacinação contra a covid no sistema do Ministério da Saúde.

As investigações envolvendo o seu nome, entretanto, não se limitam a este caso. A seguir, entenda quem era Cid, como ele virou “faz tudo de Bolsonaro” e qual era seu papel no governo do ex-presidente.

Perfil

Mauro Cid tem 44 anos, é tenente-coronel e concluiu a Academia Militar das Agulhas Negras (AMAN) em 2000. Ele também foi instrutor na AMAN e fez os principais cursos da carreira militar, como a escola de Comando Estado Maior, tendo sempre ficado entre os melhores da turma.

Até o último dia de mandato de Bolsonaro, o ajudante de ordem “se escalou como o artilheiro” do governo. Cid foi escalado para a função pouco antes da posse, em 2018, quando estava pronto para assumir uma função nos EUA.

Com uma sólida carreira acadêmica, ele abriu mão de acompanhar uma missão nos EUA para assessorar Bolsonaro. Pela função, ganhava R$ 1,7 mil, mais o salário militar de R$ 26 mil.

Nos quatro anos de mandato, o “faz tudo de Bolsonaro” tinha funções que iam de ajudar em lives e filmar o “cercadinho” onde Bolsonaro falava com apoiadores na saída do Palácio do Alvorada até a encaminhar pagamento de demandas particulares da família do ex-presidente.

Prisão

Mauro Cid foi preso pela PF em 3 de maio deste ano, mesmo dia que fez buscas na casa de Bolsonaro em Brasília.

A operação foi autorizada pelo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes dentro do inquérito das “milícias digitais” que tramita na Corte. Na decisão, o ministro considerou “plausível” a linha de investigação da Polícia Federal de que grupo ligado a Bolsonaro inseriu informações falsas no ConecteSUS para obter vantagens ilícitas.

Cartões de vacina

A suposta fraude nos cartões de vacinação do Bolsonaro e da filha de 12 anos aconteceu em 21 de dezembro do ano passado, pouco antes de viajarem para os EUA no penúltimo dia de mandato. As pessoas beneficiadas conseguiram emitir certificados de vacinação e usar para burlar restrições sanitárias impostas pelos governos brasileiro e americano, segundo os investigadores da PF.

Segundo apurou a TV Globo, Mauro Cid teria determinado que um sargento da Ajudância de Ordens da Presidência da República incluísse dados forjados nos sistemas do Ministério da Saúde.

Na época, Bolsonaro afirmou que não tomou vacina e que não houve adulteração nos registros de saúde dele e da filha. “Nunca me foi pedido cartão de vacina em lugar nenhum, não existe adulteração da minha parte. Eu não tomei a vacina, ponto final. Nunca neguei isso”, disse.

Joias

Em 2021, o governo Bolsonaro tentou trazer ao Brasil, de forma irregular, joias com diamantes avaliadas em R$ 16,5 milhões que eram presentes do governo da Arábia Saudita. Sem terem sido declaradas, as joias ficaram retidas na Recita no aeroporto de Guarulhos desde então.

A tentativa frustrada de recuperação das joias, por parte do governo federal, começou com um pedido de Bolsonaro, de acordo com depoimento prestado à PF por Mauro Cid.

Segundo alegou Cid, Bolsonaro informou a ele em meados de dezembro de 2022 sobre a existência de um presente retido pela Receita e pediu que ele checasse se era possível regularizar os itens. De acordo com Cid, não houve ordem de recuperação do presente por parte do ex-presidente, mas sim uma solicitação.

O ex-ajudante de ordens, então, teria entrado em contato com Júlio César Vieira Gomes, então secretário especial da Receita, que confirmou que havia um pacote retido e que já havia um pedido de liberação dos itens datado de novembro de 2021, em nome do ex-ministro de Minas e Energia, Bento Albuquerque.

No depoimento, Cid afirmou que Júlio César o orientou sobre como deveria ser feito o documento para solicitar à Receita a retirada do presente, inclusive sobre quem deveria assinar o pedido.

Júlio César foi quem assinou o despacho que pedia que os auditores da Receita no Aeroporto de Guarulhos atendessem ao pedido de Cid e entregassem o conjunto de joias apreendido na alfândega, avaliado em R$ 16,5 milhões.

Venda

No dia 11, Mauro Cid e o pai foram alvos de uma operação da Polícia Federal sobre a suposta tentativa de vender ilegalmente presentes dados ao governo federal por delegações estrangeiras. O pai não foi alvo de mandado de prisão.

Investigações mostram que joias e presentes entregues Bolsonaro no exercício do mandato de presidente começaram a ser negociados nos Estados Unidos em junho de 2022. Naquele mês, a equipe de Mauro Cid solicitou ao Gabinete de Documentação Histórica a lista dos relógios recebidos de presente pela Presidência até aquele ponto do mandato do então presidente.

Na operação da semana passada, a Polícia Federal disse ao Supremo tribunal Federal (STF) ver indícios de que um relógio de aproximadamente US$ 51 mil vendido por Mauro Cid nos EUA foi dado de presente a Bolsonaro em viagem oficial, mas não foi registrado oficialmente no acervo do governo federal.

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