Sábado, 23 de novembro de 2024
Por Redação O Sul | 28 de agosto de 2023
O objetivo de recomendações de rastreio é conseguir um diagnóstico precoce.
Foto: FreepikTrês entidades médicas apresentaram neste mês, pela primeira vez, uma diretriz recomendando a realização de exame periódico para rastreamento de câncer de pulmão a exemplo do que ocorre com a mamografia para câncer de mama e com os exames de PSA e toque retal para identificar câncer de próstata. O objetivo de recomendações de rastreio é conseguir um diagnóstico precoce, o que aumenta as chances de cura ou de maior sobrevida.
No caso do exame para câncer de pulmão, porém, a recomendação não vale para toda a população, apenas para pessoas com maior risco para esse tipo de tumor. Os critérios foram construídos a partir de estudos científicos que mostraram que um rastreamento na população de maior risco diminui em cerca de 20% a mortalidade pela doença.
Com base nesses estudos, foi criado o 1º Consenso Brasileiro para Rastreamento de Câncer de Pulmão. O documento, elaborado conjuntamente pela Sociedade Brasileira de Pneumologia e Tisiologia (SBPT), Sociedade Brasileira de Cirurgia Torácica (SBCT) e Colégio Brasileiro de Radiologia (CBR), foi apresentado neste mês no congresso da SBPT e recomenda a realização anual de tomografia do tórax de baixa radiação para pessoas que cumpram três requisitos:
– Ter entre 50 e 80 anos;
– Ser fumante atualmente ou ter parado de fumar há menos de 15 anos;
– Ter uma carga tabágica de 20 anos/maço, um índice que é calculado dividindo o número médio de cigarros consumidos por dia por 20 (que é o tamanho de um maço) e multiplicando esse valor pelo número de anos que a pessoa fuma ou fumou. Um exemplo: se a pessoa fuma 10 cigarros por dia há 40 anos, sua carga tabágica será 20 anos/maço.
“É um dos cânceres que mais matam no Brasil e que têm a maior letalidade. E uma das razões para essa alta letalidade é que ele costuma ser diagnosticado quando a doença já está localmente avançada ou com metástase em outros órgãos”, explica Gustavo Faibischew Prado, coordenador da comissão de câncer da SBPT, ao justificar a recomendação de exame de rastreamento para as pessoas em maior risco.
Segundo dados do Instituto Nacional do Câncer (Inca), cerca de 32,5 mil casos de tumor de pulmão deverão ser diagnosticados em 2023 no País. Anualmente, a doença mata cerca de 28 mil brasileiros e é o tipo de câncer com o maior número de vítimas entre as neoplasias. Cerca de 80% dos casos são associados ao cigarro.
Prado diz que os sintomas de câncer de pulmão, como tosse, dor no peito, falta de ar, escarro com sangue, fraqueza e perda de peso, só costumam aparecer nas fases mais avançadas da doença. Três quartos dos casos são diagnosticados nesses estágios, quando as chances de cura são bem menores.
“Quando identificamos a doença nos estágios 1 e 2, com o tumor pequeno e sem comprometimento de linfonodos do mediastino, que é a parte central do pulmão, a chance de cura é alta e a sobrevida em cinco anos é de 80% a 90%. Quando o diagnóstico é feito nos estágios 3 e 4, com a doença mais avançada, essa chance de cura cai significativamente e o tratamento passa a ser focado no controle da doença e qualidade de vida do paciente”, diz Prado.