Segunda-feira, 25 de novembro de 2024
Por Carlos Alberto Chiarelli | 15 de setembro de 2023
Esta coluna reflete a opinião de quem a assina e não do Jornal O Sul. O Jornal O Sul adota os princípios editorias de pluralismo, apartidarismo, jornalismo crítico e independência.
Terminada a Guerra em 1918, o mundo ficou atordoado depois das turbulências que ocorreram pela falta de precisão da marcação de fronteiras, pelo pauperismo das populações, pelas ruínas das cidades que eram valores históricos, etc. Surgiram líderes sobreviventes ao confronto e jovens que, na Hecatombe, foram lúcidos. Uns personalizados na figura do Presidente Wilson e outros, ainda não muitos, que o acompanharam. Era preciso (ideia que se foi afirmando) que uma instituição supra nacional – tão imparcial quanto possível – acolhesse e fosse acolhida por lideranças que a guerra não destruira.
Em 1919, a Liga das Nações (Brasil foi um de seus fundadores) nasceu. Com ela, tivemos um pouco mais de 18 anos de paz. No entanto, na convivência cotidiana, havia um rotineiro facilitário de incidentes fronteiriços, de ameaça dos mais armados, de exibicionismo de forças militares, etc.
Só a Liga evitou o naufrágio político e econômico antes do sucedido. Os enfrentamentos radicais da Europa dividida mostraram o quão necessário foi a sua criação.
No entanto, eclodindo a Guerra Mundial (com os ataques de Hitler, de Mussolini, de Hiroito, a entidade), a Liga perdeu seu significado e o respeito por sua expansão institucional.
Com a volta da, em breve, possível paz (1948 e além), para muitos, era preciso uma instituição supra nacional. A terapia que se fazia necessária precisava ser aplicada logo. Requeria a construção de uma instituição. E assim nasceu a ONU (Organização da Nações Unidas). Sua atuação não é necessária. É indispensável. Tem a modelagem (em especial, o perfil do que são os novos tempos).
O que nos faz recapitular o porquê das instituições supra nacionais e particularmente a inútil instituição dos BRICS. Não tiveram até agora uma força expressiva para participar do espetáculo internacional: recursos financeiros. Politicamente, não atuam por frágeis. São de baixíssima operação conjunta face a diversidade ideológica dos países, em vários de seus conceitos e estratégias. Um de seus “integrantes” é Putin (líder da Rússia), um ditador carniceiro que, se viajar para fora do seu território, será imediatamente preso por ser homicida coletivo e haver um mandado de prisão contra ele nas mãos da INTERPOL.
Enquanto isso, a ONU conseguiu sobreviver (lá se vai o tempo recorde da data de sua fundação em 1948); mesmo se tendo formado, pela sua cautela, às vezes extremadas, gerando uma cuidadosa postura para interferir numa área em crise, pode-se dizer que seus sucessivos dirigentes preferiram sempre anestesiar do que operar.
E sua continuidade (inclusive pelas suas concessões práticas) que ajudou via diplomática a costurar acordos quase inviáveis é a marca registrada da sua tradição.
Sua sede em Nova Iorque está amparada por um acordo na sua constituição que assegura ser internacional o território que ela ocupa nos EUA, fruto de um constante jogo diplomático que consagrou o poder das grandes potências mesmo quando minoritárias. Disso é prova explícita o direito de VETO; ou seja, utilizável quando um dos 5 grandes perder uma votação que julga de valor especial, impedindo que o projeto em que se viu derrotado não possa prosseguir. O veto é uma arma poderosa dos países/ potências garantindo que não possam ser derrotados.
Enfim, a ONU mostra o quanto, em nome de avanços democráticos, se tem de respeitar alguns pecados que fazem lembrar a frase/ lema da antiga União Democrática Nacional (UDN), que insistia em dizer que o preço da liberdade é a eterna vigilância.
Carlos Alberto Chiarelli foi ministro da Educação e ministro da Integração Internacional
Esta coluna reflete a opinião de quem a assina e não do Jornal O Sul.
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