Segunda-feira, 23 de dezembro de 2024
Por Redação O Sul | 17 de setembro de 2023
Não importa se o futuro presidente da Argentina seja o candidato libertário Javier Milei, a ex-ministra da Segurança de Mauricio Macri, Patricia Bullrich, ou o atual ministro da Fazenda, Sergio Massa. O certo é que o país enfrentará em 2024 mais um ano de inflação superior a 100%. O primeiro ano do novo governo também deverá ser marcado, na melhor das hipóteses, por um Produto Interno Bruto (PIB) estagnado.
Independentemente de quem vencer as eleições – o primeiro turno será em 22 de outubro –, reformas para diminuir o déficit fiscal e reduzir a diferença entre as mais de 20 taxas de câmbio atuais terão de ser implementadas no início de 2024, de acordo com economistas. Essas medidas, em um primeiro momento, resultarão em queda da atividade econômica e mais inflação.
As reformas são dadas como certas porque seriam a única maneira para reduzir as distorções da economia do país. Hoje, a Argentina tem uma inflação acumulada em 12 meses até agosto de 124,4%, mas a expectativa é de que o índice termine o ano entre 150% e 180%. O Banco Central tem reservas líquidas negativas (deve dólares aos bancos). A economia está em um patamar equivalente ao de 12 anos atrás e o país não tem acesso aos mercados internacionais para se financiar.
“A situação hoje é muito ruim. Aqui, estamos acostumados com incerteza econômica, mas não com tanta incerteza política. Agora, estamos com as duas incertezas. É o momento mais difícil da economia argentina desde 2001”, diz o economista Andrés Borenstein, da consultoria EconViews.
A incerteza política cresceu no país em agosto, com a vitória de Javier Milei nas primárias. O candidato já afirmou que pretende “dinamitar” o Banco Central e dolarizar a economia. Na semana passada, porém, seu assessor econômico, Darío Epstein, disse que, se o país não tiver dólares suficientes, não haverá dolarização.
Ajustes
Uma das mudanças esperadas para 2024 é um ajuste fiscal. Isso porque, para reduzir a inflação, o país precisa parar de emitir moeda com a qual financia gastos. Para isso, terá de cortar gastos públicos.
Neste ano, a Argentina deve registrar um déficit fiscal de quase 2% do PIB – a meta firmada com o FMI era de 0,9%.
Até Sergio Massa, que seria mais resistente às reformas, já sinalizou que fará o ajuste se ganhar as eleições. Analistas acreditam que, se o ministro se tornar presidente, a velocidade do corte de gastos seria mais lenta. No caso de Patricia ou Milei vencerem as eleições, o ajuste deverá ser mais forte. No dia 6 de setembro, Patricia publicou documento com seu plano para a economia em que propõe “déficit zero imediato”.