Sexta-feira, 27 de dezembro de 2024
Por Redação O Sul | 2 de outubro de 2023
A bioquímica húngara Katalin Karikó e o pesquisador americano Drew Weissman receberam nesta segunda-feira (2) o Prêmio Nobel de Medicina de 2023 por seus trabalhos sobre RNA mensageiro (RNAm), a tecnologia que abriu o caminho para o desenvolvimento das vacinas contra a covid-19. “Os cientistas foram premiados por suas descobertas sobre as modificações das bases nucleicas que permitiram o desenvolvimento de vacinas de RNAm eficazes contra a covid-19”, afirmou o júri.
Katalin, de 68 anos, e Weissman, de 64, trabalham juntos na Universidade da Pensilvânia, nos Estados Unidos, e venceram diversos prêmios pelos trabalhos com a tecnologia da vacina. A tecnologia premiada nesta segunda data de 2005, mas as primeiras vacinas que utilizaram RNAm foram desenvolvidas pelos laboratórios Pfizer/BioNTech e Moderna justamente contra a covid-19.
Ao contrário das vacinas tradicionais que utilizam vírus enfraquecidos ou pedaços de proteínas de vírus, a técnica do RNA mensageiro utiliza moléculas genéticas que informam às células quais proteínas devem produzir. O processo simula uma infecção e treina o sistema imunológico para o momento de enfrentar um vírus real.
“Os vencedores contribuíram para o desenvolvimento a um ritmo sem precedentes de uma vacina durante uma das maiores ameaças para a saúde da humanidade nos tempos modernos”, disse o júri.
Ao longo da história, o prêmio Nobel de Medicina reconheceu grandes descobertas como o raio-X, a penicilina, a insulina ou o DNA. Em 1951, a premiação também exaltou o desenvolvimento de outra vacina: contra a febre amarela. O ganhador foi o microbiologista sul-africano Max Theiler.
Surpresa
Katalin disse à rádio sueca SR que não acreditou na notícia em um primeiro momento. Afirmou, ainda, que pensou na mãe, já falecida, que ouvia o anúncio do Nobel com a esperança de que o nome da filha fosse citado. Weissman disse ter pensado que era uma brincadeira quando sua colega “Katie” contou a notícia.
Em mais de um século de premiação, só 12 mulheres foram agraciadas com o Nobel de Medicina antes de Katalin Karikó. A primeira delas foi apenas em 1947, a americana Gerty Cori, que dividiu a honraria com dois homens. Um deles era seu marido, Carl Ferdinand Cori, com quem desenvolveu pesquisas essenciais para a melhor compreensão da diabetes.
A única mulher a conquistar a láurea sem compartilhá-la com outros cientistas nesta categoria foi Barbara McClintock, em 1983, por suas descobertas sobre os chamados “genes saltadores”, que transitam no genoma e são capazes de se mover e se replicar em segmentos do DNA.