Quinta-feira, 26 de dezembro de 2024
Por Redação O Sul | 4 de outubro de 2023
O francês Moungi Bawendi, o americano Louis Brus e o russo Alexei Ekimov foram anunciados nessa quarta-feira (4) como os vencedores do Prêmio Nobel de Química em 2023 por suas pesquisas sobre as nanopartículas. Neste ano, um vazamento publicou os nomes quatro horas antes da premiação.
O prêmio foi concedido aos cientistas pela descoberta e pelo desenvolvimento de pontos quânticos, nanopartículas tão pequenas que o seu tamanho determina as suas propriedades. Esses menores componentes da nanotecnologia agora espalham sua luz a partir de televisores e lâmpadas LED, e também podem orientar os cirurgiões na remoção de tecido tumoral, entre muitas outras coisas.
O prêmio, um dos mais prestigiados do mundo científico, deu aos pesquisadores, além do reconhecimento, o valor de 11 milhões de coroas suecas (cerca de R$ 5 milhões).
Os físicos sabiam há muito tempo que, em teoria, efeitos quânticos dependendo do tamanho poderiam surgir em nanopartículas, mas naquela época era quase impossível esculpir em nanodimensões. Portanto, poucas pessoas acreditavam que esse conhecimento seria colocado em prática.
No entanto, o empenho dos ganhadores em pesquisas na área levaram às descobertas que permitiram os resultados que conhecemos atualmente.
Vazamento dos nomes
Todos os anos, o anúncio dos vencedores do Nobel é feito em um evento oficial. No entanto, na manhã dessa quarta-feira houve uma falha e um comunicado com os nomes dos premiados foi enviado à imprensa quatro horas antes do anúncio oficial do Nobel.
O jornal sueco Aftonbladet publicou uma cópia de um e-mail da academia com os nomes dos ganhadores, que depois foi confirmado no anúncio oficial.
Na coletiva de imprensa após a nomeação, Hans Ellegren, secretário geral da academia do Nobel, confirmou o anúncio antecipado, mas disse que isso não afetava a escolha dos vencedores.
“Lamento o que aconteceu. Com certeza, houve um comunicado enviado por nós por motivos ainda desconhecidos. Estivemos muito ativos esta manhã tentando descobrir o que realmente aconteceu, mas ainda não sabemos. O importante é que isso não afetou de forma alguma a premiação dos ganhadores”, disse Hans a um jornalista da AP durante a coletiva.
A imprensa questionou um dos ganhadores, Moungi Bawendi, que também participou da coletiva, sobre o vazamento, mas ele negou ter ficado sabendo antes do anúncio oficial.
“Não, eu não sabia. Eu fui acordado pela Academia Sueca. Eu estava dormindo. não ouvi nada sobre isso”, disse Bawendi.
Pesquisas dos vencedores
– Alexei Ekimov conseguiu, no início da década de 1980, criar efeitos quânticos dependentes do tamanho em vidro colorido. A cor veio de nanopartículas de cloreto de cobre, e Ekimov demonstrou que o tamanho das partículas afetava a cor do vidro por meio de efeitos quânticos.
– Alguns anos depois, Louis Brus foi o primeiro cientista do mundo a provar efeitos quânticos dependentes do tamanho em partículas flutuando livremente num fluido.
– Em 1993, Moungi Bawendi revolucionou a produção química de pontos quânticos, resultando em partículas quase perfeitas. Essa alta qualidade era necessária para que pudessem ser utilizados nas aplicações.
Os pontos quânticos agora iluminam monitores de computador e telas de televisão baseados na tecnologia QLED. Eles também acrescentam nuances à luz de algumas lâmpadas LED, e bioquímicos e médicos as utilizam para mapear tecidos biológicos.
Os pesquisadores acreditam que no futuro isso vai poder contribuir para o desenvolvimento de outras tecnologias, como sensores minúsculos e células solares.