Terça-feira, 24 de dezembro de 2024
Por Redação O Sul | 14 de outubro de 2023
A Organização das Nações Unidas (ONU) descreveu a situação na Faixa de Gaza como uma questão de “vida ou morte”, alertando que o abastecimento de água potável para as 2 milhões de pessoas que ali vivem está perigosamente baixo. A ONU também alertou sobre os riscos crescentes de doenças transmitidas pela água.
“Tornou-se uma questão de vida ou morte”, disse o comissário-geral da Agência de Assistência e Obras da ONU para os Refugiados da Palestina no Próximo Oriente (UNRWA, sigla em inglês), Phillippe Lazzarini, em um comunicado nesse sábado (14).
Lazzarini destacou o impacto devastador do bloqueio a Gaza, que há uma semana não recebe nova ajuda humanitária.
“A água potável está acabando na Faixa de Gaza após a estação de tratamento de água e as redes públicas de água terem parado de funcionar. As pessoas são agora forçadas a utilizar água suja de poços, aumentando os riscos de doenças. Gaza também está sob um corte de eletricidade desde 11 de outubro, impactando o abastecimento de água”, disse o comunicado.
As três usinas de dessalinização de Gaza, que produziam 21 milhões de litros de água potável por dia, paralisaram suas operações como resultado da falta de combustível depois que Israel impôs um “cerco completo” no enclave, controlado pelo grupo fundamentalista islâmico Hamas, autor do pior ataque em solo israelense em 50 anos, há uma semana, que deixou mais de 1,3 mil mortos. Além disso, Israel cortou o suprimento de água potável em 9 de outubro, disse a ONU.
Ação humanitária
A UNRWA foi forçada a transferir as suas operações centrais da Cidade de Gaza para um local no sul de território após a ordem de evacuação israelense emitida na sexta-feira (12).
A agência alertou que a água “também está acabando” na sua nova localização, à medida que milhares de civis deslocados do norte de Gaza continuam a chegar.
“Só nas últimas 12 horas, milhares de pessoas foram deslocadas. O êxodo continua à medida que as pessoas se deslocam para a zona sul da Faixa de Gaza. Quase 1 milhão de pessoas foram deslocadas numa só semana”, destaca o comunicado.
“Precisamos transportar combustível para Gaza agora. O combustível é a única maneira de as pessoas terem água potável. Caso contrário, as pessoas começarão a morrer de desidratação grave, entre elas crianças pequenas, idosos e mulheres. A água é agora a última salvação que resta”, acrescentou Lazzarini.
“Apelo para que o cerco à assistência humanitária seja levantado agora.”
Êxodo
Quase 1 milhão de pessoas — ou cerca de metade dos 2,2 milhões de moradores locais — foram desalojadas desde que o conflito começou, há oito dias. No fim da noite de quinta-feira, o Exército de Israel pediu que mais de 1 milhão de residentes do norte de Gaza se dirigissem para o sul do enclave densamente povoado, em antecipação a uma possível ofensiva terrestre.
As dezenas de milhares de famílias deslocadas estão amontoadas em escolas e hospitais no sul, enquanto outras se aglomeram em casas de amigos e familiares. Muitos mais estão dormindo nas ruas, mesmo enquanto os ataques aéreos israelenses, inclusive no sul de Gaza, continuam. Também enfrentam dificuldades para encontrar comida, água ou abrigos.
“Uma luta pela vida aqui”, disse ao New York Times Zeina Ghanem, moradora de Gaza, falando na manhã deste sábado a partir de um centro no sul de Gaza administrado por uma agência das Nações Unidas. “Não há comida. Não há água. Não há sono”.