Sexta-feira, 24 de janeiro de 2025
Por Redação O Sul | 17 de outubro de 2023
Após os atentados terroristas do dia 7 feitos pelo Hamas em Israel, estrangeiros aguardam há dias a movimentação diplomática de vários países para que o Egito abra a passagem fronteiriça de Rafah, no sul do enclave palestino, para deixar o local, que desde a semana passada é alvo de um cerco das Forças Armadas israelenses.
Pelo menos 28 brasileiros sofrem há dias para deixar a Faixa de Gaza em segurança. O grupo conseguiu chegar ao sul e está concentrado entre as cidades de Rafah e Khan Younis, perto do Egito, mas se deparou com a fronteira fechada. Junto com eles, o governo tenta resgatar mais seis palestinos que têm residência no Brasil, mas ainda não conseguiu embarcá-los.
Hasan Rabee está na lista de resgate do governo brasileiro e conta que a situação é dramática. Em um vídeo nas redes sociais, ele relatou que saiu para procurar pão – alimento cada vez mais raro em Gaza – e tentar carregar o celular quando se deparou com uma explosão.
“Saí para carregar o celular, pegar água e pão, mas não consegui pão ainda. Atacaram uma casa de civis, tem bastante gente ferida, o resgate ainda não está funcionando, os hospitais colapsaram, pessoas feridas estão correndo na rua. Infelizmente, está muito difícil. Cai bomba de todos os lados, a casa da esquina foi completamente destruída”, contou.
Um avião da Força Aérea Brasileira (FAB) aguarda em Roma, na Itália, a abertura da fronteira entre a Faixa de Gaza e o Egito para buscar os 28 cidadãos brasileiros. O grupo tem 14 crianças, 8 mulheres e 6 homens – 22 deles nasceram no Brasil, três são imigrantes palestinos e três são palestinos que possuem cidadania brasileira.
Assim que autorizada a passagem dos brasileiros, o avião da FAB deve se deslocar até o Egito para fazer o resgate, informou Candeas e o Itamaraty. Enquanto isso, os brasileiros têm recebido apoio psicológico da Embaixada. Uma profissional da psicologia foi contratada em Gaza para fazer o acompanhamento das famílias.
Ajuda
Nessa terça-feira (17), os brasileiros que aguardam a abertura da fronteira com o Egito no sul Faixa de Gaza receberam ajuda da embaixada do Brasil para compra de água, alimentos e demais itens de primeira necessidade. Enquanto o grupo fazia as compras, uma bomba caiu próximo ao mercado.
Parte dos brasileiros está abrigada em uma residência alugada pela embaixada brasileira na cidade de Rafah, próximo à fronteira com o Egito.
“Queria agradecer muito o povo brasileiro. Todos que estão nos acompanhando pelas redes, pelo jornal, pelas notícias, pela internet, obrigada a todos por estar conosco, também à embaixada brasileira”, afirmou Shahed Al-Banna, de 18 anos. A brasileira está em Gaza há cerca de 1 ano e meio, desde que foi visitar a mãe que estava doente.
Shahed filmou quando um explosivo caiu próximo ao supermercado: “Gente, bem do lado de onde a gente está caiu uma bomba bem aqui”, relatou, enquanto filmava a fumaça do ataque.
Já o palestino naturalizado brasileiro Hasan Habee, de 30 anos, informou que o pessoal da embaixada brasileira entregou alimentos e água na residência onde ele está hospedado, na cidade de Khan Yunis.
“Muito tempo a gente estava sem água para beber. Obrigado governo do Brasil, embaixador do Brasil, equipe da embaixada que conseguiu mandar pra nós a alimentação, bebida, bastante água, dá para bastantes dias. A gente estava louco para beber água boa”, relatou.
Cidadãos americanos
Não são só os brasileiros que sofrem com a indefinição em Rafah. Antes do amanhecer de segunda-feira (16), a Embaixada dos EUA em Jerusalém enviou um e-mail aos cidadãos americanos presos na Faixa de Gaza, sugerindo que se dirigissem à fronteira com o Egito e oferecendo a perspectiva de fuga.
No entanto, não se tratava de uma promessa. Um fim de semana de negociações diplomáticas para abrir a fronteira entre o Egito e Gaza, até o momento, não rendeu muito além de confusão, mesmo na embaixada. O e-mail sobre a abertura da fronteira não citava conversas com o Egito ou Israel – baseava-se em notícias.
A falta de clareza ficou clara no local. Na segunda-feira, dezenas de pessoas carregaram malas e sacos de lixo com os pertences pessoais que puderam levar para a única passagem da fronteira com o Egito, apenas para encontrar os portões do lado de Gaza fechados e ficarem presos à espera de esforços diplomáticos que não deram certo.
“Será que nunca vamos sair daqui???”, questionou Lena Beseiso, 57 anos, uma americana presa perto da passagem, na cidade de Rafah, em uma mensagem de texto para um repórter. Foi a segunda vez nos últimos sete dias que ela e sua família foram para a fronteira na esperança de escapar antes da ameaça de invasão israelense em Gaza. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo e da Agência Brasil.