Segunda-feira, 27 de janeiro de 2025
Por Redação O Sul | 27 de outubro de 2023
As Forças de Defesa de Israel (IDF, em inglês) disseram às organizações de notícias internacionais Reuters e Agence France-Presse que não podem garantir a segurança de seus jornalistas que operam na Faixa de Gaza, território sob bombardeio e cerco israelenses há quase três semanas.
Enclave palestino administrado pelo Hamas, Gaza está sob bombardeio desde 7 de outubro, quando homens armados do grupo militante atravessaram a fronteira e mataram cerca de 1,4 mil pessoas em Israel. O Ministério da Saúde de Gaza afirma que cerca de 7 mil pessoas foram mortas em ataques israelenses.
As Forças de Defesa de Israel escreveram à Reuters e à AFP nesta semana após as agências buscarem garantias de que os seus jornalistas em Gaza não seriam alvo de ataques israelenses.
“As IDF têm como alvo todas as atividades militares do Hamas em Gaza”, diz a carta das forças israelenses, acrescentando que o Hamas deliberadamente colocou operações militares “nas proximidades de jornalistas e civis”.
As IDF também observaram que os seus ataques de alta intensidade contra alvos do Hamas poderiam causar danos aos edifícios em volta e que os foguetes do Hamas também poderiam falhar e matar pessoas dentro de Gaza.
“Nessas circunstâncias, não podemos garantir a segurança dos seus funcionários e pedimos veementemente que tomem todas as medidas necessárias para a segurança deles”, concluiu a carta das forças israelenses.
O Hamas não comentou imediatamente quando questionado sobre a alegação das IDF de que teria posicionado operações militares perto de onde se sabe que os jornalistas em Gaza estão baseados.
A Reuters não conseguiu verificar quantas outras organizações de notícias que
operam em Gaza receberam a mesma carta das IDF.
Mortes
O número de jornalistas mortos em menos de quatro semanas no conflito entre o Hamas e Israel em Gaza ultrapassou o do período até então mais mortífero para a imprensa na região: já são pelo menos 24 fatalidades, contra 13 durante a Segunda Intifada, no início dos anos 2000, que era a recordista de perdas.
A comparação foi feita pelo Comitê de Proteção a Jornalistas (CPJ), que registra dados de profissionais de imprensa mortos e feridos no mundo desde 1992.
As perdas nessas quatro semanas desde que o Hamas atacou Israel incluem profissionais a serviço e aqueles que foram vítimas de bombardeios às suas residências.
Mas a conta pode ser ainda mais alta. Em entrevista à rede pública americana NPR, a diretora de emergências da organização, Lucy Westcott, disse que estão sendo investigados pelo menos 100 outros relatos de profissionais mortos, desaparecidos, detidos ou ameaçados.
“Sem precedentes”, disse.
Dos jornalistas que morreram, 20 eram palestinos, três eram israelenses e um libanês, o cinegrafista da agência Reuters Issam Abdallah. O CPJ confirmou oito profissionais feridos e três sobre os quais não há notícias.
Os casos mais recentes são os de Mohammed Imad Labad, jornalista do site de notícias Al Resalah, e Roshdi Sarraj, cofundador da Ain Media. Ambos morreram em bombardeios em Gaza nos dias 22 e 23 de outubro.
O CPJ estima que 48 instalações de imprensa em Gaza foram atingidas ou destruídas, deixando muitos jornalistas sem um local seguro para realizar o seu trabalho, uma vez que também enfrentam cortes de energia, escassez de alimentos e água e, por vezes têm de fugir com as suas famílias.