Quarta-feira, 27 de novembro de 2024
Por Redação O Sul | 30 de outubro de 2023
Filha de 17 anos que o ex-parlamentar teve com Antônia Araújo de Sousa o havia acusado de estupro em 2022
Foto: ReproduçãoA Polícia Civil de Roraima procura o ex-senador Telmário Mota, investigado de ser o mandante do assassinato da mãe de sua filha, Antônia Araújo de Sousa, de 52 anos. Além disso, a filha de 17 anos que o ex-parlamentar teve com a vítima, o acusou, no último ano, de estupro.
A adolescente narrou que ele tentou tirar a roupa dela em um passeio no Dia dos Pais. Antônia ficou ao lado da filha na denúncia. Segundo a filha, ela fez contato com o senador para os dois passarem a data juntos. Ela disse que o pai ligou dizendo que iria levá-la para um lago, para comemorarem a data. Em entrevista ao portal g1, ela contou que o pai a forçou entrar em seu carro e a tomar bebidas alcoólicas. Também disse que o senador tomou seu celular durante os assédios para que ela não pedisse ajuda para ninguém.
Telmário negou as acusações e afirmou se tratar de perseguição politica. O caso foi registrado como estupro de vulnerável e foi concedida uma medida protetiva em favor da filha.
A ex-mulher de Telmário foi morta com um tiro na cabeça no dia 29 de setembro, no bairro Senador Hélio Campos, na zona oeste de Boa Vista (RR), por dois homens em uma moto. Ela estava dentro de um carro com um parente na calçada de casa, por volta das 6h30, quando dois homens chegaram em uma motocicleta. Um deles perguntou seu nome e, ao confirmar a identidade, atirou.
Uma assessora dele foi vista indo entregar a moto aos assassinos um dia antes do crime. Os investigadores também descobriram que a moto foi comprada pelo sobrinho do ex-parlamentar.
Telmário Mota
Telmário Mota, de 65 anos, é formado em Economia pela Universidade Católica de Salvador. Ele iniciou a trajetória na política em movimentos sociais, em 1990. Foi eleito pela primeira vez à Câmara Municipal de Boa Vista, assumindo o cargo de primeiro suplente em 2005. Em 2008, Mota foi o terceiro vereador mais votado da capital roraimense.
Nas eleições de 2010, Telmário alcançou 54 mil votos, mas não foi eleito ao Senado. Já em 2014, em mais uma tentativa de chegar ao Legislativo federal por Roraima, foi o mais bem votado da história do estado, com 96.888 votos e conquistou o posto em Brasília.
O parlamentar é cercado de polêmicas. Em 2015, uma jovem, à época com 19 anos, com quem Telmário mantinha um relacionamento, o acusou de tê-la agredido. O ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal (STF), autorizou a abertura de uma investigação sobre o caso. Ela afirmou à polícia que tinha relações com o então senador desde quando tinha 16 anos. Ela disse que apanhou “até desmaiar” de Telmário. Ele admitiu que os dois tiveram um relacionamento, mas dizia nunca tê-la maltratado.
O pedido de investigação da Procuradoria-Geral da República (PGR) apontou que o exame de corpo de delito constatou lesões na cabeça, boca, orelha, dorso, braço e joelho. A PGR quer que o senador e a estudante sejam ouvidos novamente, bem como o advogado que a acompanhou quando ela foi à polícia.
Já em 2016, durante o mandato como senador, Telmário se envolveu em polêmicas relacionadas à rinhas de galo. Em depoimento dado à época, ele disse que não participou das competições com animais, descoberta pela polícia numa chácara em que estava para um aniversário. Anteriormente, ele chegou a responder acusações de ter participado de uma rinha de briga de galo em 2005, época em que ainda não era parlamentar, mas foi absolvido pelo Supremo.
Enquanto era senador, em janeiro de 2021, promoveu uma festa com aglomeração em Rorainópolis (RR) enquanto o estado passava pela fase mais grave da pandemia da Covid-19. O senador chegou a dizer que o evento já estava programado e que todos que recebiam a pulseira, também recebiam máscara. “O que me causa espécie é que fizeram a eleição toda na pandemia”, afirmou, sem comentar o fato de que ele também ficou em alguns momentos sem máscara no evento. A Polícia Militar disse que entre 1,5 mil e 2 mil pessoas estiveram no local.
A mulher de Telmário, a médica Suzete Oliveira, foi condenada em 2016 em segunda instância a seis anos e oito meses de prisão por envolvimento no esquema de desvio de verbas públicas conhecido como ‘escândalo dos gafanhotos’. Ela se entregou à polícia em maio de 2016 e foi levada para a Cadeia Pública Feminina, na zona Rural de Boa Vista. Suzete foi solta no mesmo mês após a juíza Rosimayre Gonçalves de Carvalho do Tribunal Regional da 1ª Região, conceder habeas corpus.