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Carlos Roberto Schwartsmann Santa Casa e Nora Teixeira: gestos de amor

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No dia 19 de outubro, quando a Santa Casa completou 220 anos, foi inaugurado o Hospital Nora Teixeira. (Foto: Joel Vargas/GVG)

Esta coluna reflete a opinião de quem a assina e não do Jornal O Sul. O Jornal O Sul adota os princípios editorias de pluralismo, apartidarismo, jornalismo crítico e independência.

No dia 19.10.2023, quando a Santa Casa completou 220 anos, foi inaugurado o Hospital Nora Teixeira. Para uma cidade que perdeu vários hospitais nos últimos 30 anos (Maia Filho, Lazzaroto, Ipiranga, Parque Belém, Reumatologia, Beneficiência Portuguesa…) foi a melhor notícia que poderíamos receber em termos de saúde.

Sobreviver atendendo o SUS e cuidando dos mais desfavorecidos é um ato de bravura, destemor, mas extremamente perigoso diante do ponto de vista financeiro institucional. Como um hospital pode respirar com um déficit de 140 milhões por ano. É uma mágica de pouca compreensão para os economistas!

A Santa Casa está permanentemente com dispneia e teme a UTI na sua frente! Quando foi criado, na Constituição de 1988, não foi estipulada com clareza de onde viriam os recursos para manutenção do sistema. Hoje ele está falido e nunca o atendimento a população foi tão precário e vergonhoso.

Por sorte nossa, recursos apareceram de uma forma não governamental e não tradicional entre nós, através da filantropia. A Sra. Nora Teixeira foi responsável pelo maior gesto de filantropia da história do nosso Estado. Doou 80 milhões para construção do hospital. Isso sensibilizou inúmeras outras famílias que se tornaram importantes doadoras e parceiras. Foi um passo marcante e incentivador da benemerência.

A cultura da filantropia é antiga e tem tradição nos EUA, mas não entre nós.
Johns Hopkins, em 1873, deixou no seu testamento 7 milhões de dólares para construção de uma universidade e de um hospital. Os oriundos destas instituições já receberam até os dias de hoje 36 prêmios Nobel. Nós, brasileiros, ainda não recebemos nenhum.

Andrew Carnegie no seu livro “ The Gospel of Wealth” (O evangelho da riqueza) argumenta que a doação é um gesto de amor e fraternidade. É a melhor maneira para combater as desigualdades sociais.

Foi exatamente isto que Nora Teixeira doou para os gaúchos. Um gesto de amor! Um gesto misericordioso para melhorar a saúde da nossa sofrida população.

Evidentemente a doação foi feita com parceira e conivência de seu esposo Alexandre Grendene Bartelle. Entusiasta da doação, ofereceu a sua amada a glorificação do seu nome para eternidade.

Na parte mais elevada do hospital, quando nenhum de nós estiver mais aqui, permanecerá no topo o seu nome: Nora Teixeira.

Segundo Fernando Lucchese, amigo pessoal e de infância de Alexandre, pertence a ele a frase: “Quem doa fica mais feliz do que quem recebe!”

Definitivamente são gestos de amor: de Nora para Santa Casa e de Alexandre para Nora!

Carlos Roberto Schwartsmann – Médico e Professor universitário

Esta coluna reflete a opinião de quem a assina e não do Jornal O Sul.
O Jornal O Sul adota os princípios editorias de pluralismo, apartidarismo, jornalismo crítico e independência.

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