Quarta-feira, 27 de novembro de 2024
Por Redação O Sul | 30 de outubro de 2023
O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) deve anunciar uma atualização na taxa de fecundidade do País — número de filhos por mulher — no próximo ano. A informação é da pesquisadora do instituto Izabel Guimarães Marri ao detalhar as informações do Censo Demográfico 2022: População por idade e sexo – Resultados do universo. O quarto bloco de informações originadas do Censo foi veiculado pelo instituto na sexta-feira.
A especialista comentou que o indicador de fecundidade é resultado de cálculos, de tratamento de dados coletados no Censo, o que demanda algum tempo. “O tema ‘fecundidade’ vai ser divulgado ano que vem”, disse.
Em 2010, o Censo do IBGE apurou taxa de fecundidade de 1,90 filho por mulher, lembrou a técnica. No entanto, a especialista pontuou que provavelmente “os dados de fecundidade [a serem divulgados] serão para redução desses níveis” . Ela comentou que estudos demográficos no país, feitos após o Censo 2010, evidenciam que há espaço para resultados de queda de fecundidade no Brasil.
No período de 2010 a 2022, o processo de envelhecimento da população ganhou ritmo mais ágil, de acordo com estudos de fora do IBGE. Também no período estudos recentes mostram que as mulheres brasileiras entraram com mais força no mercado de trabalho, e adiaram a decisão de ter filhos. Além disso, fatores como a zika — doença que causa má-formação em bebês com ocorrência de surto entre 2015 e 2016 — também afetou decisão de mulheres, no período, em terem ou não filhos.
Ao ser questionada se a nova taxa de fecundidade do país, a ser divulgada pelo IBGE, será mais baixa, a especialista comentou que o instituto não faz projeções. Porém, admitiu que poderia ser menor, “talvez em 1,7 ou em 1,6 [filhos por mulher]”. “Mas isso é especulação vamos esperar o dado do Censo sair”, disse.
A pesquisadora do IBGE admitiu ainda que são poucas as políticas, ao redor do mundo, que conseguem reverter um cenário de queda na proporção de filhos por mulher.
Envelhecendo rápido
A população brasileira está envelhecendo cada vez mais rapidamente, segundo os novos resultados do Censo 202. Os dados revelam que o porcentual de pessoas com 65 anos ou mais no País chegou a 10,9% da população – uma alta recorde de 57,4% frente aos números de 2010, quando os idosos representavam 7,4% do total.
Os novos números, recortados por idade e sexo, mostram também que a idade mediana da população (a idade que separa a metade mais jovem da população da mais velha) aumentou 6 anos desde 2010, chegando a 35 anos em 2022. O índice de envelhecimento também aumentou: são 55 idosos para cada grupo de 100 crianças. Em 2010, este índice era 30.
Por outro lado, o total de crianças, de 0 a 14 anos, recuou entre 2010 e 2022, de 24,1% da população para 19,8%, uma queda de 12,6%. Em 1980, para se ter uma ideia, os mais jovens eram 38,2% e os mais idosos apenas 4%. Ou seja, a pirâmide demográfica brasileira se parece cada vez menos com uma pirâmide e vai adquirindo um formato mais similar ao de uma ânfora, indicando que a grande maioria da população, atualmente, é de meia idade.