Quinta-feira, 26 de dezembro de 2024
Por Redação O Sul | 3 de novembro de 2023
A dieta paleolítica, popularmente conhecida como a dieta dos nossos antepassados, tem ganhado destaque nos últimos anos com uma abordagem voltada para alimentação com mais comidas in natura e altos índices de proteína. A nutricionista Ingrid Krichinak nos traz uma perspectiva crítica sobre essa tendência, questionando sua viabilidade e eficácia nos dias de hoje.
Segundo a especialista, a dieta paleolítica tem suas bases na alimentação dos nossos antepassados, que era caçadores-coletores, caracterizada por uma ingestão significativa de proteínas, carnes magras, gorduras saudáveis e alimentos in natura, como tubérculos, batatas e frutas. No entanto, ela destaca que essa dieta exclui categoricamente cereais, laticínios, produtos industrializados e alimentos ricos em açúcar.
Ingrid Krichinak esclarece que a teoria por trás da dieta paleolítica é a busca por uma alimentação natural, seguindo o padrão fisiológico de nossos antepassados. No entanto, ela ressalta que essa abordagem torna-se desafiadora na realidade contemporânea, onde o estilo de vida, a disponibilidade de alimentos e o nível de atividade física diferem significativamente.
“O que é interessante é que essa dieta estimula o consumo de produtos naturais, então, incentiva o consumo de frutas, de vegetais, gorduras boas, incentiva o “não consumo” de alimentos industrializados, ou seja, tem uma vantagem”, diz ela. No entanto, argumenta que a adesão a essa dieta é baixa, especialmente devido à dificuldade em evitar carboidratos, como arroz, macarrão e pães, no contexto moderno.
“Como nessa dieta não se pode comer arroz, macarrão, pão e outros carboidratos, a pessoa pode acabar pendendo para um exagero do consumo de proteínas. E hoje em dia, já sabemos que o excesso de proteínas afeta toda a saúde intestinal, tanto a fermentação quanto a alteração nas bactérias da microbiota. Então, não é interessante, por isso essa dieta não é recomendada pela maioria dos nutricionistas”, ressalta.
Outro ponto de atenção é a associação da dieta paleolítica ao jejum intermitente. Ela desmistifica a ideia de que o jejum é uma estratégia superior, citando estudos científicos que questionam seus benefícios, especialmente em comparação a uma abordagem equilibrada e um déficit calórico para a perda de peso.
Ingrid ainda ressalta que, de acordo com pesquisas e diretrizes científicas, restringir abruptamente a ingestão de carboidratos não é uma estratégia superior em termos de saúde e emagrecimento. Ela destaca a importância dos carboidratos, principalmente a glicose, como fonte de energia para o cérebro e o treino físico.
“Estudos antigos mostram que os nossos antepassados consumiam sim carboidrato, tinham o consumo rico em amido, que são os tubérculos, como batatas e frutas, isso foi importante para evolução humana, principalmente na questão de inteligência”, conta.
A nutricionista conclui que a dieta paleolítica, embora tenha seus méritos ao incentivar o consumo de alimentos naturais, não é recomendada pela maioria dos profissionais da nutrição. Ela enfatiza a importância de uma abordagem equilibrada, adaptada às necessidades individuais, alinhada à prática regular de exercícios físicos e que não imponha grandes restrições alimentares para alcançar os objetivos de saúde.