Quarta-feira, 27 de novembro de 2024
Por Redação O Sul | 7 de dezembro de 2015
A ESA (Agência Espacial Europeia) lançou com sucesso uma missão para testar tecnologias com o objetivo de detectar ondas gravitacionais, um dos únicos fenômenos previstos pela Teoria da Relatividade Geral de Albert Einstein – cuja publicação acaba de completar cem anos – que ainda não foi observado diretamente pelos cientistas. Batizado de LPF (LISA Pathfinder), o satélite carrega dois pequenos cubos idênticos de platina e ouro separados por 38 centímetros cuja posição relativa será constantemente monitorada por um interferômetro laser com uma precisão de 10 picômetros (um centésimo de milionésimo de milímetro). Com as duas massas isoladas de quaisquer forças internas ou externas, com exceção da gravidade, mudanças nessa posição relativa podem ser indicativos de alterações na estrutura do espaço-tempo causadas pela passagem de ondas gravitacionais.
“O LISA Pathfinder colocará essas massas de teste na mais perfeita queda livre já produzida no espaço e monitorará suas posições relativas com uma precisão inédita”, conta Karsten Danzmann, diretor do Instituto Albert Einstein, professor da Leibniz Universität Hannover e um dos principais cientistas responsáveis pela missão.
“Isso vai estabelecer as fundações para os futuros observatórios de ondas gravitacionais no espaço, como o LISA.”
O LPF está em uma órbita elíptica em torno da Terra, chegando a cerca de 200 quilômetros de altitude no perigeu e 1,5 mil quilômetros no apogeu. Uma série de manobras deve elevar ainda mais sua órbita até que o satélite saia da vizinhança imediata de nosso planeta e inicie trajetória rumo ao chamado ponto L1 (Lagrange 1), região do espaço a cerca de 1,5 milhão de quilômetros da Terra onde a gravidade de nosso planeta e do Sol estão em equilíbrio, permitindo que ele mantenha uma posição estável, onde deverá chegar em 13 de fevereiro do ano que vem.
No caminho ao ponto L1, as duas massas de teste serão soltas dos mecanismos que as mantiveram no lugar durante o lançamento e saída da vizinhança terrestre e, uma vez lá, elas serão libertas totalmente, não mantendo mais nenhum contato mecânico com o satélite.
“Essa missão é um grande passo rumo a detectores de ondas gravitacionais no espaço”, acrescenta Danzmann. “Cerca de 96% de todo o nosso Universo não pode ser observado com os atuais métodos astronômicos e futuras missões para detecção de ondas gravitacionais no espaço geradas, por exemplo, por sistemas binários de buracos negros, vão abrir uma nova janela para nosso Universo por meio da astronomia gravitacional.” (AG)