Terça-feira, 21 de janeiro de 2025
Por Redação O Sul | 9 de novembro de 2023
CONIB e FIRS apresentaram dados inéditos em eventos em Porto Alegre e outras capitais que marcam o Dia Internacional do Combate ao Fascismo e Antissemitismo
Foto: DivulgaçãoO aumento da violência e do discurso de ódio a partir do conflito no Oriente Médio é uma realidade preocupante, evidenciada por dados da CONIB (Confederação Israelita do Brasil) e da Federação Israelita do Rio Grande do Sul. Mesmo geograficamente distante da guerra, o Brasil tem o registro de crescimento de 961,36% de denúncias antissemitismo apenas no mês de outubro, em comparação ao mesmo mês do ano passado.
O estudo foi apresentado nesta quinta-feira (09), em eventos em Porto Alegre e em outras quatro capitais do País – Brasília, São Paulo, Recife e Salvador – que marcam o Dia Internacional do Combate ao Fascismo e Antissemitismo.
“O antissemitismo materializado nunca deixou de existir, ele é uma das facetas do racismo e do preconceito que atinge vários segmentos da sociedade. A prova que não aprendemos nada com a noite dos cristiais quebrados é o antissemitismo que vem crescendo há anos e potencialiizou desde os ataques realizados pelo grupo do Hamas”, afirmou o presidente da FIRS, Márcio Chachamovich.
Foram 467 denúncias registradas no Departamento de Segurança Comunitária CONIB/FIRS no mês passado, contra 44 em outubro de 2022. Crianças, jovens, homens e mulheres de todas as idades que sofreram algum tipo de violência por serem judeus. Se considerado o acumulado do ano, de janeiro a outubro, o aumento é de 133,6%.
“O ódio disfarçado de críticas estão escondidas sobre o manto da liberdade de expressão não pode justificar o preconceito, a discriminação ao povo que tem seu direito ao estado. O antissionismo se revela a partir do momento que a crítica exacerbada, muitas vezes fruto de desinformação ou por ódio, se estabelecia não somente contra o estado de Israel. O antissemita, tal qual o racista, odeia por odiar. Não reconhecer o seu semelhante e respeitar o outro, é o cerne do antissemitismo. O antissemitismo é uma doença grave, mas pode ter cura”, aponta Chachamovich.
A apresentação dos dados para jornalistas e autoridades foi marcada por uma série de exemplos de ofensas e manifestações públicas do discurso de ódio contra Israel e contra os judeus. Os números refletem as denúncias que chegam aos canais da Conib, mas acredita-se que há subnotificação.
Principais dados
↑ 961,36% das denúncias antissemitismo em out/2023 (467) em comparação a out/2022 (44)
↑ 133,6% das denúncias antissemitismo no período de jan-out/2023 (876) em comparação a jan-out /2022 (375)
↑ 24,17% no período anterior ao conflito, de jan-set/2023 (411) em comparação a jan-set/2022 (331)
Sobre o evento
O evento em Porto Alegre contou com a participação do Doutor em Comunicação e professor da PUCRS, Jacques Wainberg, da titular da Delegacia de Combate à Intolerância no RS, Tatiana Bastos e do Coronel João Trindade, Ex-Comandante da Brigada Militar aposentado, que compartilharam suas experiências, destacando a persistência do discurso de ódio no contexto político, enfatizando a necessidade de combater o preconceito e promover a educação.
A delegada, o professor e o coronel, também trouxeram insights sobre o tema e a importância de alcançar tanto os jovens quando os seus pais sobre o antissemitismo. E ainda, abordaram temas como intolerância, liberdade de expressão e a ligação entre educação e ética.
Dia Internacional contra o Fascismo e Antissemitismo
Escolhido pelo Parlamento Europeu como o Dia Internacional contra o Fascismo e Antissemitismo, o dia 9 de novembro tem um significado histórico. Nesta data, em 1938, tropas nazistas destruíram casas e estabelecimentos comerciais de judeus, incendiaram sinagogas em várias cidades alemãs e dezenas de judeus foram mortos – um número que pode chegar a mil. No dia seguinte, as ruas estavam cobertas de vidros quebrados, por isso, o episódio passou a ser conhecido como a Noite dos Cristais Quebrados.
“Esse pogrom é considerado hoje o marco inicial da perseguição aos judeus que culminou no Holocausto. Rememorar o 9 de novembro, ano a após ano, assinala o dever compartilhado de manter viva essa memória para as futuras gerações, para que nunca mais se repita”, declara o presidente da Conib, Claudio Lottenberg.