Quinta-feira, 14 de novembro de 2024
Por Carlos Alberto Chiarelli | 11 de novembro de 2023
Esta coluna reflete a opinião de quem a assina e não do Jornal O Sul. O Jornal O Sul adota os princípios editorias de pluralismo, apartidarismo, jornalismo crítico e independência.
A Argentina, apesar de todas as rivalidades, também tinha parcerias; aquelas, desde o tempo das disputas da colonização entre portugueses e espanhóis (como esquecer a época de estudante menino, o famoso Tratado de Tordesilhas, em que se dividiu o mundo que não se sabia com certeza se existiria?). Como esquecer a aliança interessada e interesseira, quando nos juntamos para enfrentar o Paraguai – a história é como o jarro de Montaigne: uma bilha com duas alças. Convém lembrar de que, na realidade da época, os guaranis significavam a grande potência da América Latina, protegidos pelo Império Britânico. Nos deparamos, no mínimo, com duas versões antagônicas: o então “país potência” da América do Sul (isto é, o Paraguai de Solano Lopes – para os guaranis, símbolo da sua nacionalidade) e um “tirano”, como a desqualificavam brasileiros, argentinos e o hífen dos verbos reflexivos, o Uruguai.
Já estou saindo do tema a que me propus: a Argentina de hoje. Queiramos ou não, a eleição deles neste fim de semana – o peronista Massa e Javier Millei, fazendo um discurso liberal e radical, separam nitidamente os campos ideológicos. Aquele, um político de formação e prática peronista; este, um empresário fazendo vestibular para política.
O povo dará uma resposta que decorre da grande pergunta: o peronismo (com o candidato Massa) sobrevive sendo ainda forte? É representado por Massa e se apresenta como muito afinado com Lula; do outro lado, Millei, o grande empresário, defendendo menos estado, menos governo, mais capitalismo social (fórmula que é atraente, mas que não teve tempo de explicar detalhadamente). De Millei, se pode também dizer: menos Lula.
O resultado terá influência sobre a nossa realidade, posto que amigos e concorrentes, hoje, estão em crise (os argentinos) e querem a nossa ajuda, que será um gesto de que temos efetiva liderança e eles têm efetiva dependência. Vamos conferir o resultado na madrugada de segunda-feira, ditado pelo voto. De qualquer maneira, como dizia um presidente argentino: “Todo nos une y nada nos separa”.
Era ou é um sonhador?
Carlos Alberto Chiarelli foi ministro da Educação e ministro da Integração Internacional
(E-mails para carolchiarelli@hotmail.com)
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