Terça-feira, 24 de dezembro de 2024
Por Redação O Sul | 13 de novembro de 2023
Guerra entre Israel e Hamas iniciou em 7 de outubro e já deixou mais de 10 mil mortos
Foto: ReproduçãoPesquisadores dizem que o mundo deve chegar ao fim deste ano com pelo menos oito grandes guerras, além de dezenas de conflitos armados.
A guerra entre Israel e o Hamas na Faixa de Gaza, que desde 7 de outubro acumula milhares de mortos, e a invasão russa contra a Ucrânia, que completará dois anos em fevereiro de 2024, é um dos diversos conflitos armados em grande escala que estão acontecendo neste momento.
“É seguro dizer que haverá pelo menos oito guerras, mas provavelmente mais, e possivelmente dez (até o fim do ano)”, diz Therese Petterson, coordenadora do Uppsala Conflict Data Program (UCDP), um projeto sueco que pesquisa, organiza e publica dados verificados sobre conflitos e é usado como referência por órgãos da ONU, pelo Banco Mundial e outras entidades internacionais.
Existem diferentes interpretações sobre a definição de guerras e conflitos. Uma das mais adotadas, usada pelo UCDP e grupos internacionais de estudos sobre guerra e paz, tem o número de mortes como parâmetro, definindo como guerras os conflitos que atingem pelo menos mil mortes em batalhas em um ano.
Já conflitos armados são as disputas por territórios ou governos que resultam em pelo menos 25 mortes em batalhas em um ano. Muitos fatores influenciam se uma guerra ganhará mais ou menos visibilidade internacional, explicam os professores. Entre os principais está o risco de se espalharem e atraírem outros países, incluindo grandes potências com poderes nucleares. A falta de visibilidade de guerras e conflitos, como explicam especialistas, pode afetar diretamente o seu desenvolvimento e a pressão por cessar-fogo, corredores humanitários ou envio de comida e remédios, por exemplo.
O ano passado é considerado o mais mortal por conflitos desde o genocídio de Ruanda, em 1994, com um total de 237 mil mortes, de acordo com informações do Journal of Peace Research, publicado em Oslo, na Noruega.
Burkina Faso
A guerra em Burkina Faso, no norte da África, inclui regiões de 10 países: Mauritânia, Senegal, Mali, Burkina Faso, Níger, Nigéria, Chade, Sudão, Eritreia e Etiópia. Desde 2016, Burkina Faso é palco de confrontos violentos entre forças armados do governo e grupos islâmicos insurgentes como o Ansarul Islam, ligado à Al Qaeda, e ao Estado Islâmico no Sahel (ISS). Em 2022, ano mais mortal desde o início dos registros, 1.418 civis foram mortos, de acordo com a Base de Dados de Eventos de Locais de Conflitos Armados (ACLED).
Somália
A guerra civil da Somália se intensificou na primeira década dos anos 2000 com a ascensão do Al Shabaab, aliada da Al Qaeda, lutando contra forças do governo apoiadas da União Africana. O Al Shabaab tenta derrubar o governo local, apoiado pelo por países do ocidente, para estabelecer seu próprio governo baseado numa interpretação radical da lei islâmica. O nível de violência aumentou em 2022, atingindo o número mais alto de vítimas mortais desde o início da década de 1990, segundo o UCDP.
Sudão
A agência da ONU para os refugiados diz que uma crise humanitária “inimaginável” está se desenrolando no Sudão. Quase seis milhões de pessoas foram forçadas a abandonar as suas casas desde o início da guerra, em abril deste ano. O conflito entre os militares do Sudão e um grupo paramilitar que tenta tomar o governo mataram até 9 mil pessoas, segundo as Nações Unidas, e criaram “um dos piores pesadelos humanitários da história recente”.
Mianmar
Um golpe militar em 2021 e a repressão a manifestantes contrários ao novo regime foram o ponto de partida para a escalada da violência no país do sudeste asiático. Segundo pesquisadores independentes citados pela ONU, mais de 13 mil crianças morreram no país e 1.3 milhão de pessoas foram deslocadas de suas casas.
Rússia-Ucrânia
Em fevereiro de 2022, a Rússia lançou uma invasão em grande escala da Ucrânia, criando um novo fluxo de milhões de refugiados e dezenas de milhares de mortos entre civis e militares. A ONU confirmou formalmente 9,9 mil civis mortos, mas disse que “o número real é certamente maior”. A crise começou em 2014, quando a Rússia anexou o território ucraniano da Crimeia. Desde então, o regime de Vladimir Putin apoiou separatistas pró-russos que lutavam contra militares ucranianos na região de Donbass, na fronteira entre os dois países. A Rússia controla atualmente cerca de 17,5% do território internacionalmente reconhecido da Ucrânia.
Israel-Gaza
O grupo palestino Hamas, que controla a Faixa de Gaza, lançou em 7 de outubro um ataque surpresa a Israel, matando mais de 1.400 e capturando mais de 200 pessoas reféns. Israel respondeu com uma intensa ofensiva militar que já matou mais de 10 mil pessoas, 40% delas crianças, segundo o Ministério da Saúde de Gaza, administrado pelo Hamas.
Nigéria e Síria
Conflitos internos distintos nestes dois países estão próximos de atingir a marca de mil mortos em combates, respectivamente, os classificando guerras, segundo dados preliminares do Uppsala Conflict Data Program (UCDP). A Nigéria é palco de violência por grupos organizados desde sua independência, em 1960. O principal foco atualmente são batalhas entre forças do governo e grupos radicais islâmicos em diferentes estados que buscam controle de territórios.
Já a guerra civil na Síria, que tem origem em protestos contra o governo do presidente Bashar al-Assad em março de 2011, envolve grupos rebeldes e grandes potências estrangeiras como a Rússia, a Turquia, o Catar, a Arábia Saudita e os Estados Unidos.