Segunda-feira, 23 de dezembro de 2024
Por Redação O Sul | 7 de janeiro de 2024
Emoção e homenagens marcaram a despedida do ex-jogador e ex-treinador
Foto: Tânia Rêgo/Agência BrasilO corpo de Mário Jorge Lobo Zagallo foi velado ao longo desse domingo (7), na sede da CBF (Confederação Brasileira de Futebol), no Rio de Janeiro. O ex-jogador e ex-técnico morreu na noite de sexta-feira (5), aos 92 anos, de falência múltipla dos órgãos. Ele estava internado desde o fim de dezembro em um hospital na capital fluminense.
O velório que começou às 9h30 desse domingo e ficou aberto ao público até as 14h. Após, o corpo foi levado em um carro dos bombeiros da sede da CBF até o Cemitério São João Batista, onde foi enterrado por volta das 17h.
O corpo do Velho Lobo foi velado ao lado das cinco taças de Copas do Mundo que o Brasil venceu (Zagallo teve participação em quatro delas) e da estátua de cera que o museu da CBF fez em sua homenagem em 2022. Esta foi a primeira vez que a estátua de Zagallo ficou exposta ao público.
Entre os atletas e autoridades que passaram pelo velório para prestar homenagens, estão Tite, ex-treinador da seleção brasileira e atual técnico do Flamengo, o ex-jogador Grafite e os campeões mundiais Cafu, Zinho, Bebeto, Jorginho e Mauro Silva. Marcos Braz, dirigente do Flamengo, e Mario Bittencourt, presidente do Fluminense, também comparecem ao velório.
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o ex-presidente da CBF Ricardo Teixeira e o técnico do tetra, Carlos Alberto Parreira, enviaram coroas de flores para prestar condolências à família.
Cafu, capitão da Seleção Brasileira pentacampeã do mundo em 2002, “revelou” como era o Velho Lobo nos bastidores.
“O Zagallo cobrava quando tinha que cobrar, era paizão quando tinha que ser paizão, era amigo quando tinha que ser amigo e era treinador quando tinha que ser treinador. Era um treinador que era respeitado e isso que era o mais importante”, afirmou o lateral.
“Quando você tem respeito do grupo, a tendência é fazer o que fizemos, conquistar títulos e fazer com que o Zagallo seja reconhecido e conhecido da maneira que tem que ser, como um herói brasileiro.”
Emocionado, o atacante Bebeto, um dos destaques do tetra em 1994, declarou: “Toda a minha história como jogador de futebol e como homem, eu tive ele como referência. Ele foi o meu segundo pai. Ele transcende o futebol. Temos um amor muito grande pela família dele”.
O goleiro Gilmar Rinaldi, um dos reservas de 1994, relembrou o amor do Velho Lobo pela Seleção. “Ninguém amou mais essa camisa do que ele. A gente tem que pensar isso pra sempre e, quem sabe, esteja na hora de repensar e voltar a esse estilo. Essa camisa tem um peso, e ele deu como ninguém”.
Ednaldo Rodrigues, presidente da CBF, comentou sobre a importância de Zagallo para a Seleção. “Que os atletas possam resgatar o trabalho que Zagallo desenvolveu e se inspirem nele. Saber que a camisa da seleção tem que ser honrada, abençoada e ser defendida.”
Durante o velório, Rodrigo Paiva, diretor de comunicação da CBF, passou mal e desmaiou. Ele foi levado para a ambulância no local e, segundo os socorristas, está bem.
Carreira
Zagallo nasceu em Alagoas e foi para o Rio de Janeiro logo aos 8 meses de vida. Foi morar no bairro carioca da Tijuca, com o qual desenvolveu uma relação próxima durante toda a vida.
Das peladas no Maracanã – antes mesmo da inauguração do estádio –, Zagallo passou pelas categorias de base do América, que tinha sede na Tijuca, antes de ir para o Flamengo.
Aos 18 anos, foi convocado para servir o Exército e deu início à sua relação com copas do mundo. Começou com um revés. Fez a segurança das arquibancadas do Maracanã na derrota do Brasil para o Uruguai na final da Copa de 1950. Foi testemunha, portanto, do fatídico Maracanazzo.
Tornou-se jogador profissional como ponta-esquerda e foi tricampeão carioca pelo Flamengo, de 1953 a 1955.
Em 1958, conquistou junto com a Seleção Brasileira a primeira Copa do Mundo da história do País, com direito a gol na final contra a Suécia (5 a 2). Era apelidado de Formiguinha, por correr muito e ajudar na marcação do meio-campo – algo raro para atacantes à época.
Quatro anos depois, já como atleta campeão pelo Botafogo, foi bicampeão mundial com a seleção como jogador na Copa da 62.
Em 1964, se aposenta como jogador e começa a carreira de treinador, começando pelo Botafogo.
Meses antes da Copa de 70, assume a Seleção no lugar de João Saldanha. Acabou comandando Pelé e companhia para o tricampeonato mundial. Para muitos, foi a melhor seleção de todos os tempos.
O tetra veio em 1994. Como coordenador técnico de Carlos Alberto Parreira, Zagallo participou da campanha na Copa dos Estados Unidos.
Por pouco, não foi penta: como técnico da Seleção, chegou à final da Copa de 1998, mas a equipe foi derrotada pela França de Zidane.
Zagallo ainda foi treinador no Rio dos outros três times grandes (Flamengo, Vasco e Fluminense) e do Bangu, além das seleções de Kwait, Emirados Árabes e Arábia Saudita – onde também comandou o Al Hilal.