Segunda-feira, 13 de janeiro de 2025
Por Redação O Sul | 12 de janeiro de 2024
Um dia após decretar estado de conflito armado interno diante de uma grave crise de segurança causada por ataques do narcotráfico em várias cidades – inclusive a hospitais, uma emissora de TV pública e duas universidades – o presidente do Equador, Daniel Noboa, recebeu o respaldo de países vizinhos, que emitiram uma carta conjunta de apoio político, além de oferecerem ajuda militar, policial e de inteligência, entre outras. Desde a declaração de conflito interno, as Forças Armadas prenderam 329 pessoas em todo território nacional, dezenas de pessoas morreram e cerca de 140 guardas carcerários foram sequestrados por detentos.
O presidente equatoriano endureceu o discurso e afirmou que seu governo vai considerar “terroristas” também juízes e promotores que “apoiarem” os criminosos, assim como membros da Polícia Nacional e das Forças Armadas.
A carta conjunta foi articulada pelo Chile, que está na presidência do Consenso de Brasília, formado pelos países da América do Sul, que manifestaram “seu mais enérgico rechaço” à violência cometida por grupos do crime organizado. E transmitiram “seu explícito e inequívoco respaldo e solidariedade ao povo e às autoridades do Equador”. O Mercosul também emitiu nota.
Em outras iniciativas, Brasil, Argentina, Bolívia, Colômbia e Estados Unidos prometeram apoio ao Equador contra as gangues criminosas. Ao portal de notícias G1, o diretor-geral da Polícia Federal do Brasil, Andrei Rodrigues, disse que trocou mensagem com o diretor da polícia do Equador, Cesar Zapata, colocando a PF à disposição do país vizinho. Ele disse que também se comunicou com os demais diretores da Ameripol, organização que engloba as polícias de 12 países da América Latina semelhante à Interpol.
Por sua vez, a ministra de Segurança argentina, Patricia Bullrich, disse que a crise no Equador é uma questão continental e ofereceu apoio militar ao país.
“Estamos dispostos a ajudá-los e a enviar forças de segurança, se necessário, para ajudar o Equador”, disse Bullrich em entrevista ao canal TN da Argentina.
Já o presidente boliviano, Luis Arce, escreveu na rede social X (antigo Twitter) que o país manifesta sua “predisposição de apoio” para que o Equador volte à normalidade. Ele também aproveitou a ocasião para reforçar sua ideia de criar uma aliança latino-americana de combate ao crime organizado.
“Ressaltamos que é urgente trabalhar na regionalização do combate ao tráfico de drogas e outras atividades ilícitas, bem como na criação de organizações supranacionais como a Aliança Latino-Americana Antinarcóticos – ALA, sob os princípios da soberania e da dignidade dos nossos povos; propostas pelo nosso país em diversas reuniões internacionais”, escreveu Arce.
Em Washington, o conselheiro de Segurança Nacional dos EUA, Jake Sullivan, disse que o país “condena fortemente” os ataques de grupos armados no Equador e que está empenhado em cooperar com parceiros para que os criminosos sejam levados perante a Justiça. Por sua vez, o presidente da Colômbia, Gustavo Petro, publicou no X uma mensagem dizendo que está “atento a todo apoio que o governo do Equador solicite”.
Tanto a Colômbia como o Peru reforçaram suas fronteiras com o Equador.
Pelo decreto em que estabeleceu estado de conflito armado interno (CAI), Noboa deu às organizações criminosas status beligerante e ordenou aos militares “neutralizar” 22 grupos, que passaram a ser considerados “organizações terroristas”.
Segundo Noboa, que decretou estado de exceção após a fuga do líder da maior facção criminosa equatoriana, o país se encontra em “estado de guerra” depois de três dias de violência do narcotráfico, com mais de dez mortes registradas em Guayaquil, a maior cidade do país. Nesse sentido, afirmou, o CAI “é uma mensagem de que nós [o Estado] não vamos ceder, não vamos deixar que a sociedade morra lentamente”. O estado de exceção vai vigorar por 60 dias, inclusive nos presídios, dominados por gangues do narcotráfico, com toque de recolher entre 23h e 5h.
Forças policiais
Representantes de forças policiais de 16 países latino-americanos se reuniram nessa sexta-feira (12), por meio de videoconferência, para discutir saídas para a onda de violência que assola o Equador. O encontro extraordinário da Comunidade de Polícias das Américas, a Ameripol, foi convocado pelo diretor-geral da Polícia Federal, Andrei Rodrigues, que também é secretário-executivo da entidade internacional que reúne corporações policiais do continente.
Os participantes da reunião aprovaram o encaminhamento de propostas que incluem o intercâmbio de informações de inteligência para o enfrentamento do crime organizado, a disponibilização de equipamentos de inteligência, o apoio na identificação dos presos do sistema penitenciário equatoriano e a oferta de cursos de descapitalização do crime organizado. Este último tema é uma das especialidades da PF brasileira. Todos os países encaminharão as propostas de cooperação policial à secretaria-executiva da Ameripol, que formalizará o envio ao Equador até este sábado (13). As informações são do jornal O Globo e da Agência Brasil.