Quarta-feira, 25 de dezembro de 2024
Por Redação O Sul | 14 de janeiro de 2024
Em muitas partes do mundo, a maioria das pessoas acredita que ter filhos é a chave para a felicidade — e que as pessoas que não têm filhos não são realizadas. Mas isso realmente é verdade? A resposta a essa pergunta é, ao mesmo tempo, simples e complexa.
E a realização que você sente na vida, independente da sua decisão de ter ou não filhos, depende de muitos fatores.
Examinaremos primeiro a resposta simples: não, você não precisa ter filhos para se sentir feliz e realizado. Estudos com mulheres que não têm filhos por decisão própria demonstram que a maioria delas tem bom senso de identidade e individualidade.
Elas não se sentem definidas pelo seu papel dentro da família e acreditam que têm mais liberdade e controle sobre seus corpos, sua vida e seu futuro.
As mulheres que não são mães também afirmam ter maior estabilidade financeira, embora não seja necessário ter status socioeconômico mais alto para que uma pessoa se sinta satisfeita com a decisão de não ter filhos.
Mulheres e homens que não têm filhos, em média, também são menos estressados e mais satisfeitos com seus casamentos.
Existem poucas pesquisas com homens solteiros e sua experiência de não ter filhos. E existem ainda menos estudos sobre a experiência transgênero ou queer de não ter filhos. Mas um estudo realizado com homens que não têm filhos por decisão própria concluiu que a maioria deles está satisfeito com sua decisão e feliz por ter mais liberdade na vida.
Apenas um pequeno número expressou arrependimento da sua decisão, principalmente porque eles não iriam deixar legado. Mas existe o risco de que homens que não são pais possam sofrer menor satisfação geral na vida na terceira idade, se não tiverem apoio social.
O paradoxo da paternidade
As coisas ficam um pouco mais complicadas quando observamos a decisão de ter filhos. Os pais certamente podem ser felizes e realizados na vida, mas a satisfação que eles sentem com a decisão normalmente se desenvolve ao longo do tempo e também pode depender de muitos fatores fora do seu controle.
Inicialmente, muitos pais realmente sofrem redução temporária do bem-estar depois que têm filhos — um fenômeno conhecido como o “paradoxo da paternidade”.
Isso ocorre porque um novo bebê pode prejudicar muitas necessidades básicas, como dormir, comer bem e se encontrar com os amigos. E essa pode ser uma receita para o descontentamento.
Mulheres heterossexuais também relatam mais infelicidade quando se tornam mães, em comparação com os homens. O motivo pode ser porque os encargos de cuidados costumam recair desproporcionalmente sobre as mulheres.
Mas o bom apoio social e familiar, um parceiro ativo e igualmente envolvido e morar em um local com boas políticas de apoio à família que trabalha podem compensar o estresse e os custos da criação de filhos.
Tudo isso provavelmente explica por que as mulheres norueguesas não relatam redução da felicidade quando são mães, já que a Noruega oferece muitas políticas de apoio às famílias, que possibilitam que os dois pais criem seus filhos e mantenham suas carreiras.
Criar os filhos pode ser difícil, mas isso não significa que não possa trazer felicidade, prazer e maior significado na vida.
A experiência da paternidade pode até gerar uma forma profunda de bem-estar conhecida como bem-estar eudaimônico. Trata-se do sentimento de que você tem uma vida que vale a pena ser vivida, o que é diferente da felicidade passageira.
Tanto homens quanto mulheres podem sentir bem-estar eudaimônico positivo quando têm filhos. Mas, para as mulheres, o aumento do bem-estar eudaimônico também depende do equilíbrio das tarefas da criação de filhos com seu parceiro.