Sexta-feira, 10 de janeiro de 2025
Por Redação O Sul | 17 de janeiro de 2024
Com reunião marcada para quinta-feira com Fernando Haddad, presidente da Câmara dos Deputados (foto) mostrou-se contrariado com negociação da medida provisória
Foto: ReproduçãoO presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), deve jogar para fevereiro qualquer definição sobre a MP (medida provisória) que reonera a folha de pagamentos, colocando em banho-maria os planos do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, de fechar um acordo em torno do tema.
Lira, segundo interlocutores, ficou incomodado com o tratamento dado pelo governo à Câmara e, ao menos até segunda ordem, não pretende tomar decisão alguma antes do fim do recesso.
Lira decidiu retornar a Brasília para se reunir pessoalmente com Haddad. A decisão vem após o parlamentar saber pela imprensa dos planos do ministro da Fazenda de procurá-lo para uma conversa nesta quinta-feira (18).
O presidente da Câmara, entretanto, chegará para o encontro contrariado. Nos bastidores, Lira já vinha acumulando descontentamentos, tanto em relação ao veto do presidente Lula à desoneração da folha quanto ao envio da medida provisória revertendo a decisão do Congresso.
No momento, ele tem indicado que não dará seguimento às conversas de um acordo sem antes ouvir o colégio de líderes da Casa. Haddad se reuniu na segunda-feira (15) com o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), quando foram amarrados os termos preliminares de um acerto pelo qual o governo retiraria a MP que reonera a folha e a substituiria por um projeto de lei.
Na manhã de terça (16), Haddad já havia alertado auxiliares que submeteria o assunto ao presidente Lula e também entraria em contato com Lira. Nos bastidores, líderes petistas reagiram dizendo que o presidente da Câmara estaria “enciumado” por conta do espaço dado a Pacheco nas negociações e estaria empenhado em afagar a base bolsonarista no Congresso.
“Desde o 8 de janeiro ele já mostrou de que lado está”, disse um petista próximo ao presidente Lula, em referência ao fato de Lira ter se ausentado no evento organizado pelo governo em alusão aos ataques golpistas ocorridos no ano passado.
Impacto
A renúncia fiscal com a derrubada do veto à desoneração da folha de pagamento e com o Programa Emergencial de Retomada do Setor de Eventos (Perse) está estimada em R$ 32 bilhões para este ano, disse Haddad. Ele deu os números após o governo refazer os cálculos do impacto das medidas.
Desse total, R$ 12 bilhões correspondem à prorrogação da desoneração da folha de pagamento, estendida para 2027. Já R$ 4 bilhões dizem respeito à redução da alíquota de contribuição para a Previdência Social por pequenos municípios e R$ 16 bilhões vêm do Perse. No fim do ano passado, o governo editou uma MP que extinguirá progressivamente os benefícios.