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Cinema Filme revê caso entre professora e aluno baseado em história real ocorrida nos Estados Unidos

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Natalie Portman vive atriz que vai interpretar Mary Kay (Julianne Moore) em um filme: longa não condena nem absolve os personagens. (Foto: Divulgação)

Foto: Divulgação
Natalie Portman vive atriz que vai interpretar Mary Kay (Julianne Moore) em um filme: longa não condena nem absolve os personagens. (Foto: Divulgação)

Um cineasta menos habilidoso teria feito de Segredos de um Escândalo, que estreou nessa quinta-feira (18), nos cinemas, um mero “true crime”. Mas, nas mãos de Todd Haynes (de Longe do Paraíso e Carol), o filme sobre uma mulher de 30 e poucos anos que se envolve com um menino de 13 disputou a Palma de Ouro em Cannes, em maio, frequentou as listas de melhores do ano da crítica dos EUA e concorreu a quatro Globos de Ouro.

No dia 23, não será surpresa se aparecer na lista de indicados para o Oscar. “Logo de cara, eu vi que havia um tom observador no roteiro, que pedia uma filmagem diferente, encorajando o espectador a pensar no que está assistindo”, disse Haynes em entrevista com a participação do Estadão, na manhã seguinte à première mundial do longa, no Festival de Cannes.

O roteiro é a estreia em longas da jovem Samy Burch. Inspira-se em uma história real que causou escândalo e foi coberta exaustivamente pelos tabloides dos Estados Unidos.

Em 1997, a professora Mary Kay Letourneau, casada e mãe de quatro filhos, começou um relacionamento com Vili Fualaau, seu aluno da sexta série. Ela tinha 34, ele, 12. Presa, Letourneau admitiu sua culpa em duas acusações de estupro de menor. Após sua soltura, em 2005, os dois se casaram e ficaram juntos até 2019.

Em Segredos de um Escândalo, Burch nos apresenta os personagens, Gracie (Julianne Moore) e Joe (Charles Melton), depois de 20 anos de casamento. No filme, Gracie trabalhava em uma pet shop e se envolveu com Joe, um colega de trabalho que tinha 13 anos. Hoje, os dois se preparam para ver seu ninho ficar vazio. Com a filha mais velha, Honor (Piper Curda) na universidade, agora é a vez dos gêmeos Charlie (Gabriel Chung) e Mary (Elizabeth Yu) deixarem a casa dos pais depois de concluir o ensino médio.

É bem nesse momento de mudança que chega Elizabeth (Natalie Portman), uma atriz que vai interpretar Gracie em um filme. “Foi muito metalinguístico ser uma atriz interpretando uma atriz”, explicou Portman em Cannes. A vinda de Elizabeth, que pretende estudar a família e o comportamento de Gracie, acaba bagunçando a dinâmica da casa.

Haynes estabelece um jogo de espelhos, muitas vezes de maneira bem literal – em dado momento, Elizabeth pouco a pouco repete os gestos de Gracie na frente de um espelho. É uma cena que evoca um clássico do cinema: Persona – Quando Duas Mulheres Pecam (1966), de Ingmar Bergman.

Outros filmes do cineasta sueco, como Sonata de Outono (1978), também centrado em duas mulheres, serviram de inspiração para Haynes, que, como Bergman, é famoso por criar personagens femininas complexas, colocando suas atrizes na corrida por prêmios. Foi assim com Cate Blanchett, que concorreu ao Oscar por Eu Não Estou Lá (2007); Carol, com Julianne Moore, indicada por Longe do Paraíso; e Kate Winslet, vencedora do Emmy pela minissérie Mildred Pierce (2011).

Não à toa, foi Natalie Portman que levou o roteiro de Samy Burch para Haynes, em plena pandemia. Tanto ela quanto Julianne Moore foram indicadas para o Globo de Ouro pelo filme. Mas a maior surpresa é Charles Melton, cujo maior crédito até agora tinha sido a série jovem Riverdale.

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