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Política Governo busca aval do Congresso para recompor políticas públicas e pode ceder em valor de emendas

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Líderes políticos vão discutir nesta semana se colocam o veto em votação, com a intenção de derrubá-lo, ou se abrem uma negociação com o Planalto.

Foto: Marcos Oliveira/Agência Senado
Líderes políticos vão discutir nesta semana se colocam o veto em votação, com a intenção de derrubá-lo, ou se abrem uma negociação com o Planalto. (Foto: Marcos Oliveira/Agência Senado)

O governo federal avalia devolver parte das emendas parlamentares que foram cortadas do Orçamento deste ano e usar outra fatia do dinheiro para recompor programas governamentais. A ação é uma tentativa de acordo de meio-termo para evitar a derrota no Congresso.

Desde que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva sancionou o Orçamento de 2024 com um corte de R$ 5,6 bilhões em emendas parlamentares, a divergência entre Executivo e Legislativo sobre o controle de verbas federais esquentou. Líderes políticos vão discutir nesta semana se colocam o veto em votação, com a intenção de derrubá-lo, ou se abrem uma negociação com o Planalto.

O governo alega que o Congresso foi além do combinado. Em vez de alocar R$ 11,3 bilhões em emendas de comissão, reservou R$ 16,6 bilhões. Como consequência, programas como o Farmácia Popular e Auxílio Gás sofreram cortes. Congressistas rejeitam o argumento de que não houve concordância do governo e defendem a derrubada do veto.

“Gostaria de saber com quem o governo fez o acordo de que as emendas seriam de R$ 11 bilhões. Eu posso dizer que os representantes do governo, o (ministro de Relações Institucionais) Alexandre Padilha e o (líder do governo no Congresso) Randolfe Rodrigues, concordaram com o Orçamento como aprovamos. Aí chega o (chefe da Casa Civil) Rui Costa, aos 45 do segundo tempo, e diz que não teve acordo?”, queixa-se o relator do Orçamento, Luiz Carlos Motta (PL-SP).

Na semana passada, Rui Costa se reuniu com o presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), para tratar do assunto. Conforme pessoas próximas ao parlamentar, Lira havia se irritado com uma fala do ministro sugerindo que ele tinha aprovado o corte das emendas.

O veto reduziu recursos que atenderiam aos ministérios do Esporte e do Turismo, dirigidos por políticos do Centrão aliados de Lira, além de obras de asfaltamento e compras de máquinas, como tratores, ações cobiçadas pelos parlamentares, principalmente neste ano que é de eleições municipais.

Para avançar em um acordo que evite a derruba do veto, o governo espera sensibilizar deputados e senadores que alguns dos projetos governamentais que perderam recursos também são de interesse do Legislativo.

Mas recompor parte das emendas é considerado necessário, porque o corte acabou atingindo programas de interesse dos próprios petistas. O deputado Carlos Zarattini (PT-SP) observa, por exemplo, que emendas para a construção e reforma de CRAs (centros de assistência social), geridos pelas prefeituras, foram zeradas.

Enquanto o impasse político se desenrola, a equipe econômica defende segurar esse dinheiro no caixa para verificar como se comporta a arrecadação nos dois primeiros meses. Como mostrou o Estadão, isso faz parte de um esforço de curto prazo para manter a meta de déficit zero na primeira medição do ano, em março.

O governo já teria de cortar, de largada, R$ 4,4 bilhões em gastos em razão dos efeitos da inflação mais baixa em 2023. Agora, deseja esperar o desenlace das negociações sobre a reoneração da folha de pagamentos de 17 setores da economia para ter um cenário mais preciso das receitas. Para a ala econômica, o governo não deveria recompor nada dos recursos ao Legislativo e só corrigir eventuais distorções do veto, sem aumentar as verbas destinadas a parlamentares.

A ala política, por sua vez, observa que o remanejamento do dinheiro para políticas do Executivo também dependerá de aprovação do Congresso. Ou seja, será preciso negociar e, portanto, é desejável chegar a um meio-termo.

 

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