Quarta-feira, 25 de dezembro de 2024
Por Redação O Sul | 7 de fevereiro de 2024
Nas sombras da realidade, manifesta-se cada vez mais um fenômeno que não passa despercebido aos profissionais de saúde: o aumento da expectativa de vida. Precisamente, as estatísticas revelam um aumento constante na longevidade da população.
Na verdade, existem estudos que garantem que é possível viver uma vida longa e desfrutar de uma boa qualidade de vida, ainda melhor do que a de um adulto médio. Em 1900, a expectativa média de vida de um recém-nascido era de 32 anos. Em 2021, o número dobrou para 71 anos.
“Este aumento extraordinário é o resultado de uma ampla gama de avanços na saúde (em nutrição, água potável, saneamento, cuidados de saúde, antibióticos, vacinas e outras tecnologias e esforços de saúde pública) e melhorias nos padrões de vida, crescimento econômico e redução da pobreza”, afirma um detalhado em relatório apresentado pelo OurWorldInData, site que apresenta dados e resultados empíricos que mostram a mudança nas condições de vida em todo o mundo.
No entanto, o evento, que pode ser considerado uma conquista significativa no campo do bem-estar pessoal, traz consigo questões profundas sobre a qualidade de vida e as formas que os indivíduos escolhem para alcançá-la.
Hábitos saudáveis e não saudáveis
“É evidente que existe uma relação linear entre hábitos de vida saudáveis e o número de anos de vida a serem vividos com qualidade digna, assim como ocorre o contrário com hábitos ou costumes ‘tóxicos’ que desencadeiam envelhecimento precoce ou deficiências”, diz o nefrologista e cardiologista Gabriel Lapman, especializado em medicina da vida e autor do livro “Más zapatillas, menos pastillas” (“Mais sapatos, menos comprimidos”, em tradução livre).
O médico destaca que como consequência de hábitos pouco saudáveis, hoje estão sendo construídos mais centros de reabilitação e menos hospitais, uma vez que as pessoas vivem mais, mas com algumas limitações físicas.
Diante desse panorama, especialistas compartilham hábitos que prejudicam o processo de envelhecimento.
Dormir mal
O descanso inadequado é uma das principais causas do envelhecimento precoce, pois esse hábito – necessário para viver e funcionar corretamente – faz com que o corpo se reabasteça para enfrentar o dia a dia.
Melisa Jurozdicki, pediatra e especialista em obesidade explica que quando o distúrbio no relógio interno se torna comum, uma das consequências se reflete na saúde intestinal.
“Mudanças aparecem na digestão e no metabolismo; aumenta o peso, aumenta a pressão arterial e os hormônios que controlam o apetite ficam desregulados”, ressalta.
Excesso de sol
“A superexposição ao sol causa 80% dos sinais prematuros de envelhecimento da pele, por isso passar muito tempo exposto aos raios UV e não usar protetor solar diariamente é uma das principais causas do aparecimento de manchas ou rugas”, aponta estudo intitulado “Proteção solar: um recurso didático primário”.
O mesmo é expresso num comunicado da Escola de Medicina da Universidade de Yale, nos Estados Unidos, que explica que os raios solares podem ter consequências a longo prazo que se escondem na pele, mesmo que não ocorra queimadura.
Segundo a instituição, alguns sintomas do fotodano são: rugas, alterações de pigmentação como manchas e sardas, textura de pele áspera e irregular, capilares rompidos (vasinhos) ao redor do nariz e pescoço.
Como prevenir isso? Recomenda-se o uso de protetor solar de amplo espectro que proteja tanto os raios UVA quanto UVB, além de fator de proteção solar (FPS) igual ou superior a 50.
Fumar e consumir bebidas alcoólicas
Se você realmente deseja evitar o envelhecimento precoce e/ou a má qualidade de vida, os hábitos de fumar e beber devem estar entre os primeiros a erradicar.
“O álcool envelhece, é responsável por mais de 500 mil mortes diretas na América, sem contar o grande número de mortes indiretas que produz”, diz Lapman.
Posteriormente, acrescenta que um dos grandes problemas do consumo dessas bebidas é que as pessoas não moderam a quantidade. A longo prazo, o excesso de álcool desencadeia condições como cirrose, problemas urinários, digestivos e cardiovasculares.
Sobre o tabagismo, Lapman afirma: “os fumantes respiram pior, consomem centenas de toxinas que são fatores inflamatórios que levam ao envelhecimento e têm probabilidade de desenvolver aterosclerose”.
Dietas pobres em fitonutrientes
Os fitonutrientes são substâncias que vêm do reino vegetal, mas não são nutrientes em si, ou seja, não são necessários para o funcionamento do organismo, mas seu consumo oferece benefícios para prevenir e tratar determinadas doenças.
Fazer uma dieta semelhante à dieta mediterrânea, focada em grãos integrais, frutas, vegetais e sem gorduras trans e com pouca quantidade de açúcar, é ideal para incorporar fitonutrientes, revela Lapman.
“Esses alimentos estão associados a menor risco de acidente vascular cerebral, problemas cardiovasculares e hipertensão”, acrescenta.
Não se hidratar
“As sinapses, as conexões entre os neurônios, as células que os sustentam e cuidam, juntamente com todo o tecido nervoso, requerem água para funcionar adequadamente. Quando esse fluido diminui, aparecem manifestações como diminuição do desempenho cognitivo, dificuldade de concentração, de tomada de decisões, e isso impacta na memória de longo prazo”, afirma Alejandro Andersson, neurologista e diretor do Instituto de Neurologia de Buenos Aires.
Ele então acrescenta que a desidratação também afeta o humor. “Provoca irritabilidade, ansiedade, alterações de temperamento e cansaço mental, fazendo com que você se sinta mais cansado e menos alerta.”
Seguir um estilo de vida sedentário
A atividade física regular ajuda a prevenir e controlar doenças não transmissíveis, como diabetes, diversos tipos de câncer e doenças cardíacas, vasculares, respiratórias e renais. Também ajuda a prevenir a hipertensão, manter um peso corporal saudável e pode melhorar a saúde mental, a qualidade de vida e o bem-estar geral.
Lapman acrescenta que é obrigatório que os profissionais evitem o sedentarismo dadas as suas consequências negativas e aconselha a realização de um mínimo de 150 minutos de exercício físico aeróbico semanalmente e 2 ou 3 vezes de atividade anaeróbica semanalmente para prolongar a longevidade.